terça-feira, 10 de maio de 2011

Chegaram os tempos finais? (Parte V)


A ÚLTIMA PROVA DA IGREJA
Tomando por base a palavra de Cristo, os apóstolos, em particular Paulo e João, esclarecem as características da última e mais grave prova que a Igreja deverá enfrentar antes de encontrar o seu Senhor. O texto mais perturbador a este respeito é o da Segunda Carta aos Tessalonicenses: “No que diz respeito à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e nossa reunião com ele, rogamo-vos, irmãos, não vos deixeis facilmente perturbar o espírito e alarmar-vos, nem por alguma pretensa revelação, nem por palavra ou carta tidas como procedentes de nós e que vos afirmassem estar iminente o Dia do Senhor. Ninguém de modo algum vos engane. Porque primeiro deve vir a apostasia, e deve manifestar-se o homem da iniquidade, o filho da perdição, o adversário, aquele que se levanta contra tudo o que é divino e sagrado, a ponto de tomar lugar no templo de Deus, e apresentar-se como se fosse Deus. Não vos lembrais de que vos dizia estas coisas, quando estava ainda convosco? Agora, sabeis perfeitamente que algo o detém, de modo que ele só se manifestará a seu tempo. Porque o mistério da iniquidade já está em ação, apenas esperando o desaparecimento daquele que o detém. Então o tal ímpio se manifestará. Mas o Senhor Jesus o destruirá com o sopro de sua boca e o aniquilará com o resplendor da sua Vinda. A manifestação do ímpio será acompanhada, graças ao poder de Satanás, de toda a sorte de portentos, sinais e prodígios enganadores. Ele usará de todas as seduções do mal com aqueles que se perdem, por não terem cultivado o amor à verdade que os teria podido salvar” (2,1-10).

Segundo Paulo, a grande apostasia do fim dos tempos será causada por um personagem que se apresenta como o inimigo de Deus por excelência e que serve de instrumento à ação de Satanás, que comunica a ele um poder sobre-humano, um pouco como o Espírito do Cristo é comunicado aos cristãos. É designado por três nomes: é “o homem da iniquidade”, o “filho da perdição”, isto é, o homem destinado a perder-se, e “o adversário de Deus”. Aparece claramente como um ser pessoal, que se manifestará no fim dos tempos, enquanto Satanás, de quem é instrumento, age agora no “mistério”, exercendo contra os crentes um poder de perseguição e sedução, como por seu lado afirma João no Apocalipse quando evoca a besta semelhante a uma pantera e aquela semelhante a um cordeiro (cf Apoc 13,1-18). Paulo atribui o atraso da parusia a qualquer coisa ou a alguém que impedisse a manifestação do Anticristo, que deve preceder a própria parusia. Não sabemos do que se trata, apesar das muitas hipóteses a esse respeito. É importante salientar que, seja como for, o mistério da iniquidade já está em ação e é essa sua atividade que suscita a apostasia. Uma vez removido o obstáculo, o Anticristo entrará em cena e agirá abertamente. Quando estiver no auge da sua ascensão, acontecerá a vinda de Cristo juiz que o aniquilará. Não devemos pensar que este cenário seja exclusivo dos tempos finais. Naquele momento haverá a máxima “impostura religiosa” e em seguida o advento da própria pessoa do Anticristo. Todavia, ao longo de toda a história da Igreja, o mistério da iniquidade não cessará de agir com as armas da perseguição e da sedução.

A esse respeito, é muito instrutivo um texto de João: “Filhinhos, esta é a última hora. Vós ouvistes dizer que o Anticristo vem. Eis que já há muitos anticristos, por isto conhecemos que é a última hora. Eles saíram dentre nós, mas não eram dos nossos. Se tivessem sido dos nossos, ficariam certamente conosco. (...) Quem é mentiroso senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Esse é o Anticristo, que nega o Pai e o Filho (1Jo 2,18-22). Parece indicar que todo o período de tempo que vai da primeira à segunda vinda de Cristo estará sujeito à sedução e à perseguição. Cada geração terá que lidar com as inumeráveis “epifanias” do mistério da iniquidade. Os falsos cristos e falsos profetas, como os perseguidores, acompanharão toda a peregrinação da Igreja. O próprio Jesus profetizou: “O servo não é maior do que o seu senhor. Se me perseguiram, também vos hão de perseguir” (Jo 15,20).

Cada época pode ter como pano de fundo situações e personagens que são como a antecipação do drama do fim dos tempos. A este respeito, é muito instrutivo o livro do Apocalipse. Esse, por um lado, descreve o cenário no qual se coloca a grande prova final e neste sentido é um livro sobre o futuro. Mas, ao mesmo tempo, medita sobre acontecimentos já ocorridos e vividos pela comunidade cristã, como as perseguições de Nero e Domiciano. Estes acontecimentos são vistos como a profecia do drama final. A mesma perspectiva é encontrada nos Evangelhos. Jesus certamente descreve o cenário do fim dos tempos em seu discurso escatológico. No entanto, ele vê na iminente destruição de Jerusalém como que uma antecipação profética das dores do fim. O que isso indica? São um convite para cada geração cristã a vigiar e a orar. Somente a última geração verá os tempos do Anticristo e da prova suprema, mas todas as outras terão igualmente que lidar com o mistério da iniquidade e as suas manifestações.

Os cristãos não são do mundo e cada geração terá que suportar o ódio. Existe acaso algum momento da história da Igreja em que Satanás, o Anticristo por excelência, não tenha tentado seduzi-la e destruí-la? Em certo sentido, cada geração tem seus anticristos, que são os precursores e antecessores da prova final, quando se manifestará o homem iníquo por excelência. (a ser continuado)

Traduzido do italiano para o português por Tania

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