domingo, 8 de julho de 2012

Madres do Deserto - Madres Anacoretas – Domnima, Marana e Cira


Poderíamos dizer que a pátria dos extremismos ascéticos foi a Síria. Os varões entregaram-se a uma verdadeira luta em suas práticas penitentes, todavia as mulheres foram mais prudentes. Conta-nos Teodoro de Ciro em sua história religiosa quando disse que conheceu uma virgem chamada Domnima, cremos que em Antioquia. Pertencia a uma das mais influentes e ricas famílias; desprezou as pompas e o luxo; tomou como modelo um santo que havia construído para si no jardim da mansão paterna uma espécie de cabana de aspecto miserável e coberta de pedra vivendo ali entregue a penitência e a contemplação. O amor a Deus que a abrasava e o ardente desejo de ir para a eternidade a fazia verter não menos copiosas lágrimas que chegavam a umedecer sua túnica de áspero e duro esparto. Segundo o mesmo testemunho do bispo de Ciro, ao beijar a mãos do prelado, as deixavam tão impregnadas de lágrimas, que estas corriam pelos dedos até o solo.

Domnina: “Carinho e respeito”.

Domnina, cujo nome etimologicamente significa “carinho ou respeito”, não suspirava mais do que pelo fim do seu exílio sobre a terra. Todos os dias ao despontar da aurora, ia a Igreja da cidade, que não ficava longe, para unir-se ao povo na oração matutina. O mesmo fazia à tarde. Teodoreto q eu não cita o nome da cidade, disse que estava na diocese de Ciro, ao sul. Quando ele visitava a diocese, sempre ia vê-la, e eis que lhe banhava as mãos copiosamente ao tomá-las como sinal de veneração e saudação. Esta grande serva de Deus tinha santo temor, respeito e amor pela Igreja; absorvida totalmente em oração, quando, ia à igreja, era exemplo e fonte de inspiração para os demais paroquianos. Alma desprendida dos bens da terra dava os seus bens com pura caridade aos servos de Deus, peregrinos indigentes, e a quantos se aproximavam pedindo auxílio para suas necessidades. Não só distribuiu o que sua mãe e irmãos haviam falecido o pai, lhe ofereceram como patrimônio familiar, mas também o que ganhou para esta causa, a estes deu boa parte de sua fortuna para aliviar tanta necessidade. Levou uma vida muito austera. Mais tarde vestiu-se com uma túnica de pele de cabra, que lhe cobria totalmente como uma pequena tenda. Se antes guardava um total recolhimento, agora com este tipo de roupa apesar de encontrar-se em meio a pessoas que frequentavam a Igreja, não podia passar despercebida. As vigílias e os retiros em sua cabana eram longas horas empregadas em oração contemplativa. A alimentação ordinária consistia em lentilhas molhadas com água. Comia tão pouco, que seu corpo tão formoso anos antes, ia secando e encolhendo. Quando o Bispo ia de visita não se esquecia de mandar-lhe um cesto com frutas e lentilhas molhadas. Todavia vivia no ano 440. O exemplo de vida e santos conselhos faziam que todos desejassem manifestar-lhe seus cuidados, acolhendo a todos que queriam ter com ela colóquios espirituais; Dommina se mantinha sentada com o corpo encurvado, coberta com sua “tenda”, sem olhar para nada. Era muito severa consigo mesma, porém caridosa em extremo. Ocupava-se com os ermitãos da região e, quando a visitavam, procurava suas hospedagens na casa do sacerdote do povo. Sua memória na liturgia grega se celebra a 5 de janeiro.

APOFTEGMAS DE MADRE DOMMINA

1- Quando Moisés entrava na nuvem, falava com Deus. Quando saía da nuvem, falava com o povo.
2- Convém pensar e meditar sempre no temor de Deus, e se temos de nos preocupar de necessidades terrenas, não pensemos nelas antes que seja antes do seu tempo.
3- Bem-aventurado o que suporta a carga do que se repugna, com espírito de ação de graças.
4- Quando fechamos os olhos ao criado, os abrimos para contemplar as maravilhas do mundo futuro.


Termino por aqui, peçamos a intercessão de madre Dommina para que possamos ter um coração que a cada dia se entrega e se derrama nas mãos do Senhor com generosidade. Continuamos na próxima semana...

Fiquem na paz!
Madre Rosa Maria de Lima, F.M.D.J

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