domingo, 20 de novembro de 2011

Vocação Sacerdotal

Acredito que uma das maneiras de conhecer a força da vocação sacerdotal é observar o efeito de seu contrário, quer dizer, observando o que acontece quando um sacerdote trai a sua ordenação, abandonando os votos. Porque, como diz Irmã Lúcia, “Deus não retira o que dá.”

Suponha que seja proposto que você:

- ponha Deus de lado, pare de rezar, de participar dos sacramentos e vire um militante social para criar uma sociedade mais justa;
- flexibilize-se e não creia totalmente nas palavras do Papa, que só conhece os problemas de Roma, não os do Brasil, os de São Paulo, como a necessidade de controlar os índices de natalidade, de transigir e aceitar as novas formas de família; afinal de contas, os tempos mudaram...
- lute pela defesa do meio ambiente, respeitando a “Mãe-Terra”, reconhecendo que nós, os seres humanos, somos apenas mais uma das espécies que ela criou e em nada somos melhores do que as florestas, os rios e os animais;
- ame tanto ou mais a “Mãe-Terra” que a sua própria mãe. Afinal, dela viemos e nela repousaremos...
- reconheça que os que praticam crimes o fazem porque foram injustiçados, são vítimas da sociedade;
- dê mais liberdade a seu filho(a) de modo que livremente escolha o seu próprio padrão de felicidade;
- dê-se chance de ser feliz: se o casamento não deu certo, case-se novamente, independentemente do que a Igreja diga a respeito do assunto;
- não creia em tudo que o Papa fala, pois afinal de contas ele é tão humano quanto qualquer outra pessoa. Como as pessoas erram, ele também erra;
- abra sua mente e entenda que a Missa é uma espécie de teatro, é algo simbólico, como dizem os psicólogos estudiosos do assunto;
- aceite que é muito melhor preservar o meio ambiente do que ficar perdendo tempo rezando...
- aceite que como tudo se moderniza, por que não a Missa? Tem muita coisa nela que os protestantes não aceitam e não devemos ficar mal com eles;
- não seja radical mas aceite que algumas gestações devem ser interrompidas, pelo bem da criança que não teria como ser bem cuidada, devido à falta de recursos de sua mãe e ao fato de vivermos numa sociedade injusta;
- aceite o direito de interromper a vida dos que sofrem, por velhice ou doença...Afinal de contas, ninguém gosta de sofrer.

Pois bem, seria possível aumentar indefinidamente esta lista, pois vivemos ouvindo e lendo coisas parecidas.

E surge a pergunta? Por que um número enorme de pessoas, quer se digam católicas ou não, adotam tais idéias? Como a de promover a paz, uma sociedade futura mais justa aderindo à noção de luta de classes, quer na sua versão política, quer sob a forma atual, denominada “sustentabilidade e ecologismo”? Respondo: porque quem endossou e vem endossando tais idéias, está investido do poder de fazer o que nem a Mãe de Deus pode fazer, nem anjos, arcanjos, querubins e serafins... o poder de consagrar o pão e o vinho.

As mãos consagradas do sacerdote – a daquele que perde a fé e rejeita no coração o que a Igreja ensina – podem ser usadas para tornarem aceitáveis idéias que se fossem propostas por outros homens, seriam rejeitadas imediatamente.

Posso estar enganado nisto que digo. Mas por anos a fio tem-me chamado a atenção o fato da presença de padres (pois não existe “ex-padre”, uma vez que a ordenação imprime caráter) em praticamente tudo quanto seria de se rejeitar. Por exemplo, um padre participou da fundação do Comando Vermelho, no RJ (juntou-se à guerrilha e tornou-se assaltante de bancos); outro, da constituição do MST, que não respeita a propriedade alheia; outro, das FARC; outro, associou-se à ONU, de modo a promover a religião pagã de adoração à “Mãe-Terra”, convidando à idolatria, isto é, ao pecado contra o primeiro mandamento. No passado, há uns 500 anos, um padre, com desenvolvimento psicológico e idéias correspondentes à de um adolescente mal-criado e pirracento, provocou um cisma na Igreja e é o “pai” do ateísmo moderno. Recentemente um outro padre criou a heurística que tornou possível misturar marxismo e religião, dando origem à Teologia da Libertação, que aprisiona e não liberta.

Quando examinadas essas idéias, uma a uma, observamos que resultam de uma disposição de alma francamente hostil ao mandamento da caridade para com Deus e amor ao próximo. Por que elas são aceitas e defendidas sob a perspectiva de que estão propondo o bem e a verdade? Digo que é por causa da força que adquirem por causa do seu endosso por homens que, a partir de sua ordenação, passaram a participar do poder de governo da Igreja. Só que passaram a fazer uso desta grande graça em defesa não do que a Igreja foi criada para ensinar, mas das próprias opiniões ou conjunto de convicções intelectuais que, regadas pela falta de fé, constituem o contrário da verdade.

Por isso devemos rezar pelos sacerdotes, por um dever de caridade. Ajuda a reforçar essa disposição saber que é um perigo enorme a perda de fé pelo sacerdote. Quando isso acontece, ele parece imitar o Dragão de que fala o Apocalipse, que arrasta, com a cauda, muitas estrelas do céu.

Joel Nunes dos Santos, em 19 de novembro de 2011.

Um comentário:

  1. Existem duas formas de destruir a misericórdia: eliminando o pecado e eliminando o perdão. Estas são precisamente as duas atitudes mais comuns nos dias que correm. Numa enorme quantidade de situações não se vê nada de mal. Naquelas em que se vê, não há desculpa possível. As acções do próximo ou são indiferentes ou intoleráveis. O que nunca são é censuradas e perdoadas. O que nunca se faz é combinar o repúdio do pecado com a compaixão pelo pecador.

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