quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Uma cadeia de “Ave Marias” – por Dom Gabriele Amorth


Queridos irmãos, queridas irmãs, a paz! No mês de outubro, consagrado à piedosa devoção do Santo Rosário, procuramos sempre mais “contemplar Cristo com Maria”. Retomando o discurso sobre o Rosário, nosso pensamento se remete à definição que lhe foi dada por Paulo VI: “Compêndio de todo o Evangelho”. Na realidade, a característica fundamental desta piedosa prática é ser, ao mesmo tempo, oração e meditação dos principais mistérios cristãos.
É por isso que Nossa Senhora em Fátima propõe o Rosário como antídoto ao ateísmo: o homem de hoje tem mais necessidade do que nunca de rezar e de meditar as grandes verdades reveladas. Não é de admirar a insistência dos papas em recomendar esta oração: pensemos, por exemplo (antes da Carta Apostólica “Rosarium Virginis Mariae”, de João Paulo II), nas doze Encíclicas sobre o Rosário de Leão XIII. E não nos admiremos com o fato de que, nas Aparições de Lourdes e de Fátima, tenha sido dado tanto destaque a esta piedosa devoção mariana.

O Rosário, um tesouro a ser redescoberto
A história do Rosário tornou-se conhecida sobretudo depois da celebração do Ano do Rosário (de outubro de 2002 a outubro de 2003). E ficamos conhecendo o acréscimo dos cinco “Mistérios da Luz”, com os quais o Papa Wojtyla quis enriquecer esta piedosa devoção mariana.
Aqui queremos recuperar – em outubro, que é precisamente o mês do Rosário – algumas reflexões que nos parecem particularmente atuais.
O ritmo da vida dos nossos dias quebrou a unidade da família: os familiares passam pouco tempo juntos e, às vezes, mesmo naqueles poucos momentos não se conversa, porque quem rege a casa é a televisão... Mas já Pio XII insistia sobre a retomada do Rosário em família: “Se unidos recitais o Rosário, desfrutareis da paz em vossas famílias, tereis a harmonia do espírito nas vossas casas”. “A família que reza unida permanece unida”, repetia em todas as partes do mundo o americano P. Peyton, o incansável apóstolo do Rosário em família. E João Paulo II nos recordava: “O nosso coração pode abraçar, nestas dezenas do Rosário, os fatos que compõem a vida do indivíduo, da família, da Nação, da Igreja, da humanidade. O Rosário marca o ritmo da vida humana” (RVM, 2).

O Rosário é também a oração da paz, a oração que abraça o mundo inteiro. Um outro grande apóstolo do Rosário dos últimos tempos, o Bispo Fulton Sheen, tinha concebido uma coroa de cinco cores, que ainda está muito em uso: uma dezena de contas verdes, para lembrar a África (conhecida por suas verdes florestas), uma dezena de contas vermelhas para a América (habitada originalmente pelos índios), uma dezena de contas brancas para a Europa (em homenagem à veste branca do Papa), uma dezena de contas azuis para a Oceania (imersa no azul do Pacífico), e uma dezena de contas amarelas para o imenso continente asiático (com referência à tendência de cor da pele de algumas raças de seus habitantes). Assim, ao fim da coroa, abraçou-se o mundo.

O homem tem hoje, mais do que nunca, a necessidade de fazer pausas para o silêncio e reflexão. No mundo de hoje, existe a necessidade do silêncio orante. Se acreditamos no poder da oração, estamos convencidos de que o Rosário é mais forte do que a bomba atômica.
Relembremos tudo quanto foi sugerido no “Ano do Rosário”, particularmente na Carta Apostólica “Rosarium Virginis Mariae”, do Papa João Paulo II: as razões para sermos fiéis a esta piedosa prática mariana permanecem todas plenamente válidas: de fato, ao que parece, ainda mais do que antes: porque hoje há uma necessidade ainda maior de “redescobrir uma oração tão fácil e, ao mesmo tempo, tão rica” (RVM, 43) como é o Santo Rosário.
Traduzido do italiano para o português por Tania

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