terça-feira, 23 de agosto de 2011

Madres do Deserto – Santa Sinclética – Parte XII


Continuando com os ensinamentos de Santa Sinclética...

Matrimônio e Virgindade

No mundo os patrões colocam seus servos em diferentes ofícios; assim o Senhor, aos que tem elegido o matrimônio os deixa no mundo, porém aos que são objeto de uma eleição especial, os reserva para estar totalmente a seu serviço. Estes são alheios a todos os assuntos deste mundo, pois o Mestre lhes deu a honra de chamá-los à sua mesa. Não s
e preocupam como se vão vestir, pois se revestem de Cristo.
Mas estas duas classes de pessoas têm um único mestre: Jesus Cristo, e igualmente ambos pertencem a Deus. E são igualmente necessários.

O ensinamento deve apoiar-se na prática

É perigoso para quem não está fundado na prática das virtudes, dedicar-se ao ensino. É como se alguém que teve uma casa velha e ruim, recebeu nela hóspedes e morressem no desabamento do edifício. Os que não edificaram solidamente a casa desde o princípio, causam com sua própria ruína a dos visitantes. As palavras destas pessoas são como uma chamada para a salvação, porém seus depravados costumes danam aos que recebem os ensinamentos. A simples exposição do que dizem se parece a essas pinturas de cores que facilmente se desvanecem e que ventos e chuvas borram prontamente. Um ensinamento rubricado pela prática durará eternamente. A palavra, limpando e suavizando as rugas da alma, premia aos crentes com a imagem eterna de Jesus Cristo.


Perfeição a que devem tender as virgens e os monges

Devemos cuidas de nossa alma não de maneira superficial ou fingida, senão trabalhando para embelezá-la num todo, evitando especialmente descuidar de sua mais íntima profundidade. Nós cortamos os cabelos. Eles representavam a pompa do mundo eles representavam a pompa do mundo: honras, reputação, riquezas, vestidos elegantes, alimentos que escolhemos. A tudo decidimos renunciar. Porém, além disso, temos que nos livrar dos parasitas que corroem nossa alma. Quais são? Os maus pensamentos, a murmuração, o perjúrio, a avareza.
A cabeça é o símbolo da nossa alma. Enquanto os animais fossem mais ou menos escondidos no mato dos assuntos do mundo, podiam facilmente esconder-se; porém agora, descobertas, todo o mundo as vê. Da mesma forma, em uma virgem ou um monge, as menores faltas, se comparam com os menores parasitas que tenha em uma casa limpa, salta à vista de todos. Purifiquemos completamente nossa casa com o incenso da oração; como os venenos mais enérgicos matam aos animais venenosos, assim, a oração acompanhada do jejum expulsa todos os maus pensamentos.

Uma terrível arma do demônio: o fatalismo

Uma das feras que matam as almas é a sedução produzida pelos que afirmam que existe o destino, a fatalidade, a que chamam nascimento pré-determinado. E esta é a arma mais terrível do demônio. Às almas zelosas de virtude, apenas sugere uma idéia envenenada, depois de lançado o dardo, desaparece, se esconde. Porém das almas negligentes é o proprietário absoluto. Entre as pessoas virtuosas não há quem siga esta doutrina funesta e vã, nada a admite. Porém os que por sua negligência são vítimas da apatia vão direto ao encontro desta tentação.
Desgraçadamente, rejeitam o temor de Deus e tem a pretensão de que por nascimento, estão inclinados a uma vida de prazer; culpáveis da fornicação, de roubo, da avareza, dados às trapacerias, abandonam com suas obras o caminho da verdade. Sua vida termina fatalmente na desesperação. Com tais idéias, suprimem a Deus e a seu juízo; pois dizem: estava já determinado de antemão que devia fornificar ou roubar, portanto, em qualquer julgamento.

Vejamos também como rejeitam a divindade. Dizem: Deus é a causa primeira, ou segunda ou coexistente com outro. Se dizem que tudo foi feito por Ele, posto que está presente em tudo. Ele é, portanto, o dono do destino; porém se dizem que são gananciosos e libertinos por nascimento, é seguro que, por meio desta condição de origem, Deus é causa do mal, o qual é absurdo. Se se considera a Deus como causa segunda, se conclue evidentemente que está sbmetido a uma causa primeira e tudo o que dispõe a causa primeira, certamente encontra o subordinado; de novo Deus seria para eles causa do mal, o qual é ímpio. Se enfim, o querem como coexistente entre duas causas com naturezas opostas. Estes raciocínios, para colocá-lo brevemente, abatem suas vãs suposições. É destes tais que se fala a Sagrada Escritura. Diz o insensato em seu coração, Deus não existe!
Cegos a todo sobrenatural, inventam falsos pretextos e mutilam as Escrituras, com o fim de utilizá-las para justificar sua perversidade. Enfim, sua vã teologia arrasta a muitos por caminhos de erro e perdição, buscando o nascimento dos homens e de todo o criado com raciocínios contraditórios e falsos.

Também querem fazer desaparecer o livre arbítrio e esta ofuscação os leva a trocar a liberdade pela escravidão. Próprio é da maldade arrastar sempre ao pior; eles mesmos são claro testemunho de que estão em certo modo vendidos ao espírito do mal.
Não ameis as discusões. Não percamos tempo em largas práticas, pois podem cair na armadilha de um labirinto sem fim. O demônio têm muitos laços e é sutil caçador. Aos pássaros prepara pequenas armadilhas, aos pássaros maiores lhes prepara outras mais eficazes. Um artifício terrível e funesto é fiar-se da fatalidade. Essa idéia deve ser descartada. Porém te engana com a preciência do que vai acontecer? O raciocínio é sutil, porém a conclusão não é certa. E suas predições não se realizam necessariamente.

Quando as ilusões virem a ofuscar nossa razão, não creiamos nelas como cremos nas verdades. O que põe de manifesto sua malícia, é que se apresentam já em curso, e em outro foge em um piscar de olhos. Conheci um servo de Deus, que vivia santamente em sua cela, vigiava os pensamentos que se lhe apresentavam, procurava saber qual deles havia surgido primeiro, qual era o seguinte, quanto tempo se tinha detido em cada um deles; se perguntava também se podia contar algum progresso em relação com a jornada passada o se pelo contrário constatava um retroceder; desta forma experimentava perfeitamente a graça de Deus, sua coragem e fortaleza e suas vitórias sobre o inimigo.


Na próxima semana continuamos...
Fiquem na paz!
Madre Rosa Maria de Lima, F.M.D.J

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