domingo, 17 de abril de 2011

Madres do Deserto – Santa Eufrosina - Parte III



Enquanto seu pai voltava para casa depois de ter ido ao mosteiro pedir as orações ao abade Teodósio...

Eufrosina, de seu canto, não suspeitava nem mesmo que estava tendo tanta confusão.

Plenamente feliz de ser de Deus, tinha se refugiado na oração e não imaginava o desespero do pai, nem a preocupação do abade. Tinha esquecido a jovem rica de Alexandrina. E sobre a severa e sábia direção do padre Agápido, avançava em grandes passos nas estradas do Senhor: oração contínua, os jejuns, as salmodias solitárias nas longas horas da noite constituíam as suas mais puras delícias. Não se distraindo do movimento dos exercícios comuns, aproveitando do silêncio da solidão, descobria as maravilhas da contemplação e escutava cada dia mais profundamente a Escritura.

Pafanúcio invés, continuava a sofrer as penas do inferno: se encontrava regularmente com o abade Teodósio, que continuava a não estabelecer nenhuma ligação entre a virgem desaparecida e o eunuco refugiado a ele. Passados alguns anos, o abade, não conseguindo consolar o pai desconsolado, se confiou à santidade do irmão Emerado: propôs a Pafanúcio um colóquio com um jovem solitário muito avançado nas vias do espírito. Agapito o introduziu na cela de Emerado.

Este tinha o rosto abatido pelas vigílias, magro pelos jejuns, envolto na penumbra: Pafanúcio não reconhece a filha naquele monge asceta. Eufrosina invés reconhece subitamente o pai e o seu coração ficou entristecido. O convidou a ajoelhar-se e a rezar um momento com ela. Depois o fez sentar-se.

Em seguida, ela falou da abundância do coração: falou da beatitude do Reino futuro e da glória eterna que esperava os eleitos; falou de humildade, de castidade, da caridade que conduzem àquela vida, que por si só merece ser desejada; falou do desprezo do mundo e do comportamento dos pais que devem amar mais a Deus que aos filhos; das provas que Deus envia àqueles que quer purificar e da paciência com a qual precisa suportá-la. “Deus – lhe disse – não dispreza as tuas lágrimas. Se a alma de sua filha fosse em perigo de perder-se, te faria saber. Sou certo que tua filha escutou a palavra do Evangelho: Quem ama o pai, ou a mãe mais de mim, não é digno de mim. E esta: Quem não renuncia a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo. Deus é potente, e se manifesta ao senhor já nesta vida. Não deixe-se morrer pela dor, mas rendei graças ao Senhor, sem mais perder a esperança”. Estas palavras foram um bálsamo sobre a ferida de pafanúcio. “Este irmão – disse ao abade ao deixar o mosteiro - me deu uma grande alegria que me sinto como se tivesse reencontrado minha filha”.

Os anos passavam. Pafanúcio, confiando nas palavras do monge, esperava a revelação do céu, que não chegava; envelhecia, lutando entre a esperança e o desconforto. Um dia, soube que irmão Esmerado estava gravemente doente: doente sem dúvida, para morrer. E se aquele irmão tivesse tido uma revelação de Deus em relação a Eufrosina? E se estivesse para levar este segredo com ele para a tumba? O velho pediu se poderia visitar o santo recluso. Agápito lhe abriu a porta. Encontrou o irmão deitado no chão, incapaz de levantar-se a sua chegada. Pafanúcio cai de joelhos perto dele, com o rosto banhado em lágrimas. “Irmão, que é as suas previsões? São trinta e oito anos que me prometeu que haveria revisto minha filha neste mundo. Não só não a vi depois de tantos anos de dores, mas eis que você nos deixa! Quem consolará a minha velhice? Estou para descer na tumba. Quem me dará minha filha? Quem me falará dela?”

Continuamos na próxima semana!
Fiquem na paz!
Me. Rosa Maria de Lima, F.M.D.J

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