quinta-feira, 14 de março de 2013

Homilia do I Domingo da Quaresma C 13

O núcleo comum da luta de Jesus contra o demônio não se restringe apenas a vitória sobre as tentações, mas a vitória sobre Satanás. Jesus liberta-se de Satanás para libertar os homens de Satanás. É Jesus mesmo quem explica o sentido de sua luta contra Satanás no deserto dizendo: “Ninguém pode entrar na casa de um homem forte e roubar os seus pertences se primeiro não o amarrar; só então poderá roubar a sua casa” ( Mc 3, 27). No deserto, Jesus “amarrou” Satanás antes de se dedicar ao trabalho. Agora estava livre de seu adversário número um. “Ele pode agora levar adiante sua campanha em território inimigo” Continuando a leitura do evangelho, temos a impressão de que, depois desse episódio, ocorre uma espécie de avanço irresistível da luz, que irrompe na frente demoníaca das trevas. Quando Jesus se aproxima, os demônios se agitam, tremem, suplicam que não os expulse e procuram estabelecer certos pactos com ele ( Mc 1, 24). Todos também ficavam admirados da autoridade e poder que emanam de Jesus: “De onde lhe vem essa autoridade? E Jesus responde: “Eu expulso os demônios com o dedo de Deus” ( Lc 11, 20). Que aconteceu no deserto para que, em seu regresso, Jesus tenha autoridade suficiente para expulsar Satanás? É que este foi vencido em seu território! O domínio predileto de Satanás, depois do pecado, era a liberdade do homem; desta ele fizera sua inexpungável fortaleza porque a única coisa que podia expulsá-lo era a vontade do homem, que pelo pecado fora submetida e transformada em escrava de Satanás ( cf. Rm 6, 16ss; ) e, enquanto tal, não podia libertar-se de seu amo e verdugo enquanto continuasse em sua condição de escrava. Jesus penetrou nesta fortaleza e a destruiu. Seus três poderosos “não!” opostos às tentações destruíram completamente a arma de Satanás que é a rebelião contra Deus. Satanás caiu “como fulminado” ( cf. Lc 10, 18). Esses “não!” dirigidos a Satanás eram ao mesmo tempo três “sim” amorosos e incondicionais à vontade do Pai. A potência de Jesus surge disto: ele age com a autoridade e o poder de Deus. Os demônios sentem que Jesus é “o santo de Deus”, isto é, que nele está a própria santidade de Deus e que eles são incapazes de suportar essa presença. Isso significa “expulsar os demônios com o Espírito de Deus”: “O diabo perdeu o seu poder na presença do Espírito Santo”( São Basílio)(...) Restava a Satanás unicamente o império da morte, que ele perdeu quando, de modo incauto, arrastou a esta o próprio Jesus. A paixão é o segundo tempo da grande luta entre Jesus e o príncipe das trevas; esta é o “tempo fixado”, no qual o demônio, na opinião de Lucas, retoma a batalha contra Cristo ( cf. Lc 4, 12). Satanás perdera todo o seu poder sobre Jesus no deserto; e agora Jesus, por meio de sua morte, reduz por inteiro à impotência aquele que detinha o poder da morte ( Hb 2, 14).

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