terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Com um coração aberto, esperareis o nascimento de meu Filho


Queridos irmãos e irmãs em Cristo, a paz de Nosso Senhor e o amor de Maria estejam convosco e com os seus. O Papa Bento XVI, antes da recitação do Angelus neste Terceiro Domingo do Advento disse que “o Advento chama-nos a potencializar aquela tenacidade interior, aquela resistência de espírito que nos permite não desesperar na espera de um bem que tarda a chegar, mas a esperá-lo, ou melhor, preparar a sua vinda com confiança ativa.”. Desta forma, vos convido a meditarem a mensagem da Rainha da Paz de 2 de dezembro 2008:

“Queridos filhos! Neste tempo santo de alegre esperança, Deus vos escolheu assim pequenos, para realizar os Seus grandes projetos. Meus filhos, sede humildes. Deus, através da vossa humildade e com a Sua sabedoria, através de vossas almas fará a Sua escolha permanente. Vós a iluminareis com as boas obras e assim com um coração aberto, esperareis o nascimento de meu Filho com todo o Seu amor generoso. Obrigada por terdes respondido ao meu chamado”.

Maria nos fala da alegre esperança, mas muitas vezes, infelizmente, dentro de nossas limitações humanas, não conseguimos viver a espera com alegria, ao contrário nos desesperamos, angustiamos. Neste terceiro domingo do Advento, nós contemplamos no Evangelho a figura de João Batista a questionar: “Sois vós aquele que deve vir, ou devemos esperar por outro?” (Mt 11, 3)

Como a espera pode se tornar algo sofrido, não é mesmo??!?! Hoje em dia, estamos tão acostumados com o sistema “fast-food” que é difícil para o homem aceitar que com Deus não funciona assim; já canta o salmista: "porque mil anos, diante de Vós, são como o dia de ontem que já passou, como uma só vigília da noite" (Sl 89, 4)....

A paciência, a alegre esperança são virtudes, aparentemente em desuso, fora de moda!!! Tudo muda tão rápido, as coisas acontecem de maneira tão meteórica que o que você espera hoje, amanhã já é ultrapassado... E desta forma, vamos nos vendo consumidos pela fragilidade e inconstância da mentalidade desequilibrada de que o que importa é hoje e eu preciso para agora!

É interessante vermos que o mesmo João já havia encontrado Jesus, já O havia batizado, já O havia reconhecido: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.” (Jo 1, 29). João Batista viu os céus abertos e ouviu a voz que dizia: “Tu és meu Filho muito amado.” (Mc 1, 11). Filho que ele mesmo testemunhou: “Eu o vi e dou testemunho de que ele é o Filho de Deus.” (Jo 1, 34)

E por que João questiona??? Porque apesar de ser “o maior entre os filhos das mulheres”, era homem sujeito às coisas humanas como cada um de nós; porque era pequeno sabendo que viria Aquele que lhe era superior, “porque existe antes de mim”. E como diz Maria na sua mensagem, mesmo pequenos, Deus nos escolhe para realizar Seus grandes projetos. E como?? “Sede humildes”!!!

João não tirou sua própria conclusão diante do questionamento do seu coração, como quem sabe todas as respostas porque sabia que era “a voz que clama no deserto”, porque sabia que era aquele que “prepararia os caminhos do Senhor”; mas foi humilde, perguntou!!! E Jesus respondeu. Mas não a resposta “fast-food” que qualquer um de nós gostaria de ouvir: “Diz para o João que Sou Eu!!”.

Jesus usou a fé de João, disse aos seus discípulos que dissessem a ele o que haviam visto e ouvido. Jesus sabia que João acreditaria quando reconhece os sinais que acompanhariam o Messias. João era capaz de compreender o que Jesus disse, porque havia se preparado para o Senhor; não só havia preparado os caminhos, mas havia preparado o caminho de seu coração, na espera Daquele que havia de vir.

Mas, e nós??? Temos preparado nosso coração para reconhecer os sinais da presença de Cristo? Como esperar com alegria se não sabemos o que esperamos; se não conhecemos Aquele que esperamos?

Se não conhecemos o Senhor, se não abrirmos nosso coração para a escolha permanente que nos fala Maria nesta mensagem, corremos o risco de cairmos na fé “fast-food”, onde esperamos Dele e para ontem, ao invés de esperarmos Nele. Corremos o risco de ao invés de nos alegrarmos por sermos filhos de Deus, amados por Ele, que se alegram pela vinda do Salvador Jesus, o Deus feito homem, pobre e humilde realizador da vontade do Pai; tornarmo-nos pessoas que só se alegram com o ter, ter, ter. Pessoas que se achem muito “abençoadas” por receberem de Deus aquilo que querem e pedem: o emprego, a casa, o carro, o celular da moda, o computador de última geração... E se tornam pessoas insensíveis ao próximo.

Não se acham pessoas abençoadas por poder partilhar com meus irmãos necessitados aquilo que têm; não peço para Deus encher meu coração com amor pelos meus irmãos... Não vejo quão abençoado posso ser por Deus permitir me preparar para a vinda de Cristo, me fazendo ser capaz de reconhecer no meu próximo, Seu Filho Jesus. Como ouvimos numa pregação que o Pe. Mateus colocou para nós no Grupo de Jovens, corremos o risco de acreditar que “Deus é tão bom para mim, que Ele está mais preocupado com o carro importado que eu pude comprar, do que com colocar bens em minhas mãos para eu administrar bem”.

Maria nos fala que é com nossa humildade que Deus fará a escolha permanente, mas usando Sua Sabedoria!!! Não a minha, não a sua, e se pararmos para olhar para nossa realidade, saberemos porquê não é a nossa sabedoria que Ele usa!!! E quando esta escolha permanente tiver sido feita em nossas almas, é através das boas obras que a iluminaremos, pois nossas ações serão reflexo da espera alegre da realização da vontade de Deus, a espera de amor pelo Menino Jesus.

Quando esta escolha tiver sido feita e formos capazes de, como João Batista, reconhecer os sinais de Jesus, então veremos que somos abençoados verdadeiramente, porque teremos a certeza de que estando Jesus em nossas vidas, as menores das bênçãos serão as materiais e físicas. Veremos que “os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são limpos, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, o Evangelho é anunciado aos pobres...” (Mt 11, 5).

Ou seja, em Cristo, aqueles que não viam as manifestações de Deus, que não viam a verdade que liberta, que estavam cegos pelas falsas doutrinas, por sua arrogância, enxergam; os coxos, aqueles que precisavam ser carregados, caminham pela vontade do Pai, correm nas estradas do Senhor; os que eram consumidos pela lepra do pecado, são limpos pelo perdão, pela reconciliação e alcançam a paz; os surdos ouvem a Palavra de Deus e acolhem em seus corações; os mortos para Deus, vivem pela fé; e os que não tem nada, são saciados com o Pão celeste, o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Meus caros irmãos, eu sei que esperar não é fácil, mas podemos fazer escolhas na nossa vida, a cada instante... Escolhamos a espera alegre da mãe que aguarda ansiosa para ver seu filho que vai nascer... Ela sabe que há um ciclo a ser cumprido para que o bebê nasça bem, em segurança... Ela se prepara mês a mês para poder contemplar o olhar daquele que carregou em seu ventre... Espera porque sabe que assim é o melhor... Esta é uma alegre espera...

Precisamos aprender a confiar em Deus, na humildade de quem sabe que Ele faz o melhor para nós... Ele sabe que se mandar as coisas na hora errada, talvez aquilo não só não nos ajude, mas nos atrapalhe, nos afaste Dele!! Vivamos o tempo santo da esperança, o tempo da vontade do Pai. Exercitemos nossa esperança pela oração de agradecimento e entrega: “por tudo que fizeres de mim, eu te agradeço, Senhor”; “aceito Teu tempo e Tua vontade, antes da minha”.

Todos vivemos nossas esperas... E eu posso dizer que vivo uma grande espera!!! E tem dias que esta espera é alegre, mas tem dias que a sensação que tenho é a de um nadador... Lembro-me bem, quando eu competia natação. Há um breve espaço de tempo entre o sinal para subirmos na base e nos prepararmos para saltar e o sinal de saltar. Coisa de segundos... Mas parece ser o infinito!!! A impressão que tenho, às vezes, é que eu já até saltei da base, mas alguém congelou a cena e me deixou pendurada no ar, aquele respiro antes do mergulho... E tem dias que eu desejo desesperadamente que este mergulho aconteça, mas tem dias que é muito alegre contemplar a água antes de estar totalmente imersa nela...

Ontem, enquanto eu esperava um ônibus, vi uma bandeira que não sei de que Estado é, mas me chamou atenção (e acredito ser de algum Estado porque reconheci as do Estado de São Paulo, de Minas, do Maranhão, de Pernambuco...). Ela balançava muito e parecia que queria que eu olhasse para ela... E me esforcei para ler o que tinha escrito porque ela se enrolava toda por conta do vento forte... Quando consegui ler, me alegrei porque parecia que me ensinava o que é viver a esperança ativa; a bandeira dizia: “Trabalha e Confia”!!!

Meus caros, a vida tem seu curso; Deus cuida de nós porque nos ama, não fosse assim, não teria nos enviado Seu Filho. Preparamo-nos para mais um Natal, que este seja diferente para cada um de nós. Que sejamos capazes de esperar o Menino Jesus como nunca antes em nossos corações.


Que possamos seguir nossos rumos, confiantes que Este que esperamos, é Aquele que devia vir e assim, continuemos trabalhando em nossa conversão, em nossa luta diária contra o pecado, em dar tempo a Deus, à oração, e confiando que Ele nos usa em nossa pequenez e humildade para fazer grandes coisas com todo o Seu amor generoso. Vivamos a alegre espera do Advento!! Obrigada por ler este comentário e acolher o que a Mãe tinha a te dizer hoje.

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