quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Apesar do esquecimento do homem Deus permanece fiel, afirma o Papa





Ao presidir a catequese da Audiência Geral desta manhã perante 20 mil pessoas na Praça de São Pedro, o Papa Bento XVI insistiu a recordar que "enquanto o homem O esquece facilmente, Deus permanece fiel".

O Santo Padre explicou que "a memória torna-se uma força de esperança. A memória nos diz: Deus existe, Deus é bom, eterna é a sua misericórdia. E assim a memória abre, mesmo na escuridão de um dia, de um período, a estrada para o futuro: é luz e estrela que nos guia. Também nós temos uma memória do bem, do amor misericordioso, eterno de Deus".

Através do Salmo 135, chamado o "Grande Hallel" –o hino de louvor a Deus que se cantava depois da Ceia pascoal e que provavelmente Jesus também recitou na Última Ceia– o Papa convidou a proclamar as maravilhas que Deus fez ao longo da história de salvação, respondendo a modo de litania com o motivo do louvor: "Porque é eterna sua misericórdia".

O Papa recordou que "A história de Israel já é uma memória também para nós, como Deus se mostrou e criou seu próprio povo. Depois, Deus se fez homem, um de nós: viveu conosco, sofreu conosco, morreu por nós. Permanece conosco no Sacramento e na Palavra. É uma história, uma memória da bondade de Deus, que nos assegura a sua bondade: o seu amor é eterno".

O salmo recorda estes acontecimentos, em especial o exílio na Babilônia, com a destruição de Jerusalém, "quando Israel parecia ter perdido tudo, inclusive sua própria identidade, também a confiança no Senhor. Mas Deus se lembra e liberta. A salvação de Israel e de todos os homens está ligada à fidelidade do Senhor".

"Enquanto o homem esquece facilmente, Deus permanece fiel: sua memória é o cofre precioso que guarda essa ‘misericórdia eterna’ que canta nosso salmo", acrescentou.

Bento XVI disse logo que "após o período obscuro da perseguição nazista e comunista, Deus libertou-nos, mostrou-nos que é bom, que tem força, que a sua misericórdia é para sempre. E, como na história comum, coletiva, está presente esta memória da bondade de Deus, essa ajuda-nos, torna-se uma estrela de esperança, ainda que cada um tenha a sua história pessoal de salvação, e devemos realmente valorizar essa história, ter sempre a memória das grandes coisas que Ele fez na nossa vida, para ter confiança: a sua misericórdia é eterna”.

“E se, hoje, estamos na noite escura, amanhã Ele nos liberta, porque a sua misericórdia é eterna", afirmou também Bento XVI.

O Santo Padre convidou a ver a criação como "um grande dom de Deus do qual vivemos, no qual Ele se revela em sua bondade e em sua grandeza. E portanto, ter presente a criação como dom de Deus é um ponto que une a todos".

Bento XVI explicou ademais que com a criação, Deus se manifesta em toda sua bondade e beleza, compromete-se com a vida. E este amor eterno de Deus implica "fidelidade, misericórdia, bondade, graça, ternura".

O salmo conclui recordando que Deus dá alimento a todas as criaturas, "cuidando a vida e dando pão. (…). Na plenitude dos tempos, o Filho de Deus se faz homem para dar a vida, para a salvação de cada um de nós, e se entrega como pão no mistério eucarístico para fazer-nos entrar em sua aliança que nos faz filhos. A tanto chega o amor bondoso de Deus e a sublimidade de sua ‘eterna misericórdia’".

Finalmente, o Papa saudou com afeto os peregrinos de língua portuguesa, especialmente aqueles que chegaram desde o Brasil: “Amados peregrinos de língua portuguesa, sede bem-vindos! A todos saúdo com grande afeto e alegria, de modo especial a quantos vieram do Brasil com o desejo de encontrar o Sucessor de Pedro. “Vede que grande presente de amor o Pai nos deu: sermos chamados filhos de Deus! E nós o somos!” Possa Ele sempre vos abençoar a vós e as vossas famílias! Ide em paz!”

Bento XVI também pronunciou um breve resumo de sua catequese de hoje em língua portuguesa.

“Hoje queria meditar convosco o salmo 136, um solene hino de louvor que celebra as inúmeras manifestações de bondade do Senhor para com os homens. Conhecido como o “Grande Hallel”, este salmo é cantado tradicionalmente no final da Ceia pascal hebraica; isso mesmo deve ter feito o próprio Jesus na Última Ceia com seus discípulos. A antífona “eterno é o seu amor” acompanha a narração dos diversos prodígios de Deus na história. De fato, a motivação fundamental do louvor é o amor eterno de Deus: um amor manifestado já desde o início da criação e que vai se reafirmando nos prodígios do Êxodo, na longa travessia do deserto, na conquista da terra prometida, nos momentos de humilhação e desgraça. Por fim, o Salmo louva a bondade de Deus, “que a todo ser vivente alimenta”. Assim, sintetiza o amor paternal de Deus por nós e abre-nos à promessa da Eucaristia, o alimento que acompanha a nossa caminhada de fé”, conclui o Sumo Pontífice
Radio Vaticano

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