terça-feira, 1 de abril de 2014

“Quem ama Jesus Cristo ama a mansidão”, por Santo Afonso Maria de Ligório



A caridade é benigna. O Espírito de mansidão é próprio de Deus. “Meu espírito é mais doce do que o mel” (Eclo 24,27). A pessoa que ama a Deus ama a todos os que são amados por Deus, isto é, todos os homens. Por isso, procura sempre socorrer, consolar, contentar a todos na medida do possível. Eis o que diz São Francisco de Sales, mestre e modelo da mansidão: “A humilde mansidão é a virtude das virtudes que Deus tanto nos recomendou. É necessário praticá-la sempre e em toda a parte”. Dá-nos ainda a seguinte regra: “Quando vedes alguma coisa que se pode fazer com amor, fazei-o; o que não se pode fazer sem discussões, deixai-o”.
Isso se refere ao que podemos deixar sem ofender a Deus, porque, quando existe ofensa a Deus, esta deve ser impedida sempre e depressa por aquele que é obrigado a impedi-la.
A mansidão deve ser praticada especialmente com os pobres, os quais normalmente, por causa da sua pobreza, são tratados asperamente pelos homens. Deve-se ainda usar da mansidão particularmente com os doentes que se encontram aflitos e, muitas vezes, recebem pouco cuidado dos outros. Devemos exercer a mansidão principalmente com os inimigos. É preciso “vencer o mal com o bem” (Rm 12, 21), isto é, o ódio com o amor, a perseguição com a mansidão. Assim fizeram os santos e por esse meio conseguiram o afeto dos seus maiores inimigos.
Diz São Francisco de Sales: “Não há nada que edifique tanto o próximo como a caridosa benignidade no trato”. Ele tinha habitualmente o sorriso nos lábios. Sua aparência, suas palavras, suas maneiras exalavam mansidão. São Vicente de Paulo afirmava jamais ter conhecido um homem mais manso, parecendo-lhe ver a imagem viva da bondade de Jesus Cristo.
Mesmo quando sua consciência o obrigava a negar alguma coisa, o santo mostrava tanta benevolência com as pessoas que elas iam embora contentes, embora não tivessem obtido o que desejavam. Era manso para com todos, com os superiores e com seus iguais, com seus inferiores, com as pessoas de casa e de fora. Era bem diferente dos que, segundo sua expressão, parecem anjos na rua e demônios em casa. No trato com seus empregados, não se queixava nunca de suas faltas; advertia-os apenas e sempre com bondade. Coisa muito louvável em todos os superiores.
O superior deve usar de toda a mansidão com seus súditos. Ao lhes impor alguma coisa, deve antes pedir que mandar. Dizia São Vicente de Paulo: “Para os superiores, não há melhor meio de se fazer obedecer do que a mansidão”. “Experimentei todos os meios de governar – dizia Santa Joana de Chantal – e não encontrei nenhum melhor do que o modo bondoso e paciente”.
O superior deve mostrar-se benigno mesmo nas repreensões que tem a fazer. Uma coisa é repreender com aspereza. É preciso, às vezes, repreender com energia, quando a falta é grave, principalmente em caso de repetição da falta e depois de a pessoa ter sido avisada. Mas evitemos repreender com aspereza e raiva; quem repreende com raiva faz mais mal do que bem.

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