segunda-feira, 9 de setembro de 2013

UMA ENORME LIÇÃO DO CALVÁRIO - LITURGIA DIÁRIA , 10 DE SETEMBRO DE 2013

UMA ENORME LIÇÃO DO CALVÁRIO


Fortis est ut mors dilectio: o que mais impressiona no amor de Jesus, quer por seu Pai, quer por nossas almas, é a união maravilhosa e muito íntima da mais profunda ternura e da força a mais heróica no sofrimento e na morte: Fortiter et suaviter

Estas duas qualidades do amor estão, muitas vezes, separadas em nós e no entanto só podem viver intimamente unidas. A ternura sem a força torna-se langorosa e piegas, a força sem nenhuma suavidade, transforma-se em rudeza e amargura

Ninguém pode exprimir o que foi a ternura de amor filial de Jesus por seu Pai; se ele amava ternamente a Virgem Maria, quanto mais ainda seu Pai, a quem rendia perpétua ação de graças e adoração! Esta ternura sobrenatural se derramava e se derrama continuamente sobre as almas, não apenas as de um certo país ou tempo ou sobre um grupo restrito de alguns amigos, mas sobre todas as almas de todas as gerações para lhes dar a vida eterna

Este amor de Cristo tão terno é também mais forte que a morte, mais forte que o pecado e que o espírito do mal. Foi ele que levou Nosso Senhor a se oferecer como vítima para pagar em nosso lugar, para nos salvar, dando a Deus uma reparação infinita que lhe agrada mais do que todo o desgosto causado pelos pecados: Cor Jesu, fornax ardens caritatis -- eis todas as ternuras e todas as energias do amor admiravelmente fundidas. O Coração de Jesus é assim o mais puro espelho da Misericórdia e da Justiça, as duas grandes virtudes do amor incriado de Deus

Os membros do corpo místico de Cristo devem cada vez mais participar de sua vida para se tornarem semelhantes a Ele. A santa humanidade do Salvador nos comunica progressivamente as graças que mereceu por nós na Cruz, influxo da cabeça do corpo místico sobre seus membros. Por este influxo Nosso Senhor quer nos assimilar, cada vez mais, pelo batismo, absolvição, comunhão freqüente, cruzes ou purificações necessárias a nosso avanço, até a extrema-unção e a nossa entrada no céu. Na vida de muitos santos vê-se essa assimilação progressiva no modo pelo qual neles são reproduzidos os mistérios da infância de Jesus, sua vida oculta, depois sua vida apostólica e por fim sua vida dolorosa

Ora, uma das grandes marcas do espírito de Jesus em uma alma, é a reprodução nesta alma dos dois efeitos que derivam em Nosso Senhor da plenitude da graça

Primeiro, a paz, a tranqüilidade da ordenação cada vez melhor de todos os sentimentos, de todos os quereres subordinados ao amor de Deus e das almas em Deus, amor que cresce continuamente pela influência atual de Cristo

Em seguida, a aceitação da cruz, para seguir o Mestre, como ele disse; aceitação com paciência, do contrário a pena aumenta sem fruto; reconhecimento, pois está aí uma graça escondida, vê-se melhor quando o fardo é levado sobrenaturalmente; com amor, pois a cruz é Jesus crucificado, que vem a nós para reproduzir em nós seus próprios traços. Este amor dá o abandono e a paz. Aí se encontra a verdadeira soberania, a contemplação divina

O austero Luiz de Chardon diz com profundidade a este respeito, comentando São Paulo: "Depois de termos admirado a violenta e insaciável inclinação do espírito de Jesus para a Cruz compreenderemos melhor como Ele a distribui pelas almas que lhe pertencem pelos vínculos da graça... Entendemos igualmente porque quanto maior é a elevação da alma em união com o espírito de Jesus tanto maior será sua obrigação quanto ao sofrimento... Também seria uma desordem da graça e das máximas do santo amor, se membros alimentados por confeitos estivessem ligados a uma cabeça transpassada de espinhos...

"Os membros são santificados pela mesma graça, que está em Jesus como em sua fonte universal. Ora, esta graça de Cabeça é comunicada a Jesus para a finalidade de sua missão, para que ele pague pelos pecados dos membros à justiça rigorosa de Deus. Por conseguinte, ele contrai a obrigação amorosa de sofrer provocando em seu espírito uma inclinação violenta que o transporta continuamente para a Cruz. É indispensável que esta graça incline do mesmo modo, com o mesmo rigor as almas predestinadas, a fim de que o corpo místico não pareça um todo monstruoso na ordem da graça, onde o espírito de Jesus seria contrário a si mesmo, sendo um nos membros e outro na Cabeça...

"Assim, porque a graça decorre da alma de Jesus como de sua fonte original onde ela produz um impulso dirigido para o fim pelo qual Jesus se fez homem, é uma necessidade que a graça cause esta mesma disposição naqueles que recebem a dignidade de nela participarem"

Este é um efeito da graça cristã como tal. A graça, por sua essência, é uma participação da natureza divina, mas, pelo fato de que nos é transmitida pelo Cristo, tem uma modalidade especial que nos configura a Ele como demonstra Santo Tomás quando pergunta se a graça sacramental, em particular a graça batismal, como tal, acrescenta alguma coisa à graça das virtudes e dos dons como a que possuía Adão antes do pecado (III, q. 62, a. 2)

Luiz de Chardon acrescenta e une assim a doutrina de um Tauler ou de um São João da Cruz à de Santo Tomás: "E porque esta espécie de graça não pode ficar ociosa em uma alma... é ávida para crescer e como só pode ter um crescimento considerável com a ajuda das cruzes... na nudez da graça, da qual suspendeu os efeitos sensíveis, Deus não abandona a alma à sua própria fraqueza. Nisto há o propósito de fazer a alma se conhecer e se desprender de si mesma... aderindo somente a Deus... A união será mais estreita e mais íntima quanto maior a separação de tudo mais

"Daí que o mesmo amor é ao mesmo tempo princípio de vida e princípio de morte...; unindo e separando... afastando e causando adesões... A santidade de Deus comunicada a suas criaturas produz uma privação geral de tudo o que é incompatível com sua pureza imaculada

"Gloriosa morte... Rica de uma fecundidade divina... Morte entretanto mais cruel do que aquela que é o dever comum da natureza... pois só deixa tristes desolações nas almas! No entanto as almas bem instruídas sobre as propriedades do Amor sagrado e do fim que a santidade de Deus pretende com todas estas provações, não quereriam trocar nem por um instante seu rigoroso martírio pelas delícias embriagadoras do Paraíso, nem a cruel espera de sua morte pela feliz vida da glória"

É fácil ver a aplicação deste princípio na vida de Maria. Como diz o historiador que repara o esquecimento em que caiu a obra de Chardon: "Talvez, a atividade separante, simplificante, despojadora da graça nunca tenha sido analizada com maior penetração"

Relendo atentamente o belo capítulo da Imitação de Cristo (1. II, cap. XI) : "Do pequeno número dos que amam a Cruz de Jesus", vê-se que a marca do espírito de Cristo é a paz e o abandono no sofrimento, no acabrunhamento da Paixão, que se reproduz em diversos graus nas almas para as purificar e para fazê-las trabalhar na salvação do próximo em Nosso Senhor, com Ele e por Ele, com os meios dos quais Ele mesmo se serviu. Jesus está assim, num certo sentido, em agonia até o fim do mundo, no seu corpo místico até que este corpo místico seja plenamente purificado e glorificado, até que se realize perfeitamente a palavra do Mestre: "Venci o mundo", pela vitória definitiva sobre o pecado, sobre o demônio e sobre a morte


Concluamos com São Luiz Maria Grignion de Montfort (L' Amour de la Divine Sagesse, 2a. P., cap. V):


"A Sabedoria Eterna fez da Cruz seu tesouro e em sua Encarnação esposou-a com amor inefável; durante toda sua vida, que não foi mais do que uma cruz contínua, carregou-a, pediu-a com indizível alegria... Pregada finalmente e como que colada à cruz, com alegria morreu abraçada à sua querida Cruz como num leito de honra e triunfo... E não pensem que depois de sua morte, para melhor triunfar, a Sabedoria Encarnada tenha se arrancado, tenha rejeitado a Cruz... Não querendo que honra de adoração, mesmo relativa, seja prestada a criaturas, por mais altas que sejam, como sua santíssima Mãe, reservou esta honra para sua querida Cruz e somente a ela é devida. A Sabedoria Encarnada, no grande dia do Juízo Final, acabará como o culto das relíquias dos santos, mesmo as dos mais respeitáveis; mas quanto às relíquias da Cruz, enviará os primeiros serafins e querubins pelo mundo para ajuntar os pedaços da verdadeira cruz que, por sua amorosa onipotência, serão tão bem reunidos que não farão mais que uma só e a mesma Cruz em que morreu, transportada assim pelos anjos... Precedida pela Cruz, colocada sobre uma nuvem de brilho inigualável, a Sabedoria eterna julgará o mundo com a Cruz e pela Cruz. Qual será então a alegria dos amigos da Cruz... Esperando esse dia... a divina Sabedoria quer que a Cruz seja o sinal, o caráter, a arma de todos os seus eleitos... Tendo encerrado tantos tesouros, tantas graças de vida na Cruz só dá a conhecer esses tesouros aos mais escolhidos... Como é preciso ser humilde, pequeno, mortificado, interior e menosprezado pelo mundo para conhecer o mistério da cruz! A quem carrega e suporta essa cruz, a Sabedoria Eterna dará um peso eterno de glória no céu" - (FONTE : De "L' Amour de Dieu et la Croix de Jesus", Ed. du Cerf. 1o. vol., cap. VI, pág. 255)




LITURGIA DO DIA 10/09/2013
 
PRIMEIRA LEITURA: COLOSSENSES 2, 6-15

XXIII SEMANA COMUM - (VERDE - OFÍCIO DO DIA) - LEITURA DA CARTA DE SÃO PAULO AOS COLOSSENSES -Irmãos, 6Como (de nossa pregação) recebestes o Senhor Jesus Cristo, vivei nele, 7enraizados e edificados nele, inabaláveis na fé em que fostes instruídos, com o coração a transbordar de gratidão! 8Estai de sobreaviso, para que ninguém vos engane com filosofias e vãos sofismas baseados nas tradições humanas, nos rudimentos do mundo, em vez de se apoiar em Cristo. 9Pois nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade. 10Tendes tudo plenamente nele, que é a cabeça de todo principado e potestade. 11Nele também fostes circuncidados com circuncisão não feita por mão de homem, mas com a circuncisão de Cristo, que consiste no despojamento do nosso ser carnal.12Sepultados com ele no batismo, com ele também ressuscitastes por vossa fé no poder de Deus, que o ressuscitou dos mortos. 13Mortos pelos vossos pecados e pela incircuncisão da vossa carne, chamou-vos novamente à vida em companhia com ele. É ele que nos perdoou todos os pecados,14cancelando o documento escrito contra nós, cujas prescrições nos condenavam. Aboliu-o definitivamente, ao encravá-lo na cruz. 15Espoliou os principados e potestades, e os expôs ao ridículo, triunfando deles pela cruz - Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL (144)
                       
REFRÃO: O SENHOR É MUITO BOM PARA COM TODOS

1. Ó meu Deus, quero exaltar-vos, ó meu Rei, e bendizer o vosso nome pelos séculos. Todos os dias haverei de bendizer-vos, hei de louvar o vosso nome para sempre. -R.

2. Misericórdia e piedade é o Senhor, ele é amor, é paciência, é compaixão. O Senhor é muito bom para com todos, sua ternura abraça toda criatura. -R.

3. Que vossas obras, ó Senhor, vos glorifiquem, e os vossos santos com louvores vos bendigam! Narrem a glória e o esplendor do vosso reino e saibam proclamar vosso poder! -R.

EVANGELHO: LUCAS 6, 12-19


PROCLAMAÇÃO DO EVANGELHO DE JESUS CRISTO, SEGUNDO LUCAS - Naquele tempo,12Naqueles dias, Jesus retirou-se a uma montanha para rezar, e passou aí toda a noite orando a Deus. 13Ao amanhecer, chamou os seus discípulos e escolheu doze dentre eles que chamou de apóstolos: 14Simão, a quem deu o sobrenome de Pedro; André, seu irmão; Tiago, João, Filipe, Bartolomeu,15Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu; Simão, chamado Zelador; 16Judas, irmão de Tiago; e Judas Iscariotes, aquele que foi o traidor. 17Descendo com eles, parou numa planície. Aí se achava um grande número de seus discípulos e uma grande multidão de pessoas vindas da Judéia, de Jerusalém, da região marítima, de Tiro e Sidônia, que tinham vindo para ouvi-lo e ser curadas das suas enfermidades. 18E os que eram atormentados dos espíritos imundos ficavam livres. 19Todo o povo procurava tocá-lo, pois saía dele uma força que os curava a todos - Palavra da salvação







MENSAGEM DE NOSSA SENHORA EM MEDJUGORJE – “Queridos filhos! Neste tempo de graça convido-os à oração. Filhinhos, vocês trabalham muito, porém sem a bênção de Deus. Bendigam e procurem a sabedoria do Espírito Santo para que os guie neste tempo, a fim de que compreendam  e vivam na graça deste tempo. Convertam-se, filhinhos, e ajoelhem-se no silêncio do seu coração. Coloquem Deus no centro do seu ser e, assim, poderão testemunhar na alegria as belezas que Deus lhes concede continuamente na vida de vocês. Obrigada por terem correspondido a Meu apelo” – MENSAGEM DO DIA 25.05.2001




A IGREJA CELEBRA HOJE , SÃO NICOLAU DE TOLENTINO - O santo de hoje nasceu na Itália em 1245 dentro de uma família muito religiosa. Seus pais, não podendo ter filhos e para conseguir do Céu a graça de que lhes chegasse algum herdeiro, fizeram uma peregrinação ao Santuário de São Nicolau de Mira na cidade de Bari. No ano seguinte, nasceu este menino e em agradecimento ao santo que lhes tinha conseguido o presente do Céu, puseram-lhe por nome Nicolau . Com vinte anos, Nicolau ficou impressionado com a pregação de um monge eremita agostiniano. A partir disso, acolheu o desafio da vida monástica como eremita. Ordenado sacerdote em 1270, foi visitar um convento de sua comunidade e lhe pareceu muito formoso e muito confortável e dispôs pedir que o deixassem ali, mas ao chegar à capela ouviu uma voz que lhe dizia: “A Tolentino, a Tolentino, ali perseverará”. Comunicou esta notícia a seus superiores, e a essa cidade o mandaram . Ao chegar a Tolentino se deu conta de que a cidade estava arruinada moralmente por uma espécie de guerra civil entre dois partidos políticos, o guelfos e os gibelinos, que se odiavam até a morte. E se propôs dedicar-se a pregar como recomenda São Paulo: “Oportuna e inoportunamente”. E aos que não iam ao templo, pregava-lhes nas ruas . São Nicolau percorria os bairros mais pobres da cidade consolando aos aflitos, levando os sacramentos aos moribundos, tratando de converter os pecadores, e levando a paz aos lares desunidos. Passava horas e horas no confessionário, absolvendo aos que se arrependiam ao escutar seus sermões . São Nicolau de Tolentino viu em um sonho que um grande número de almas do Purgatório lhe suplicavam que oferecesse orações e missas por elas. Desde então dedicou-se a oferecer muitas Santas Missas pelo descanso das benditas almas . Morreu em 10 de setembro de 1305, e quarenta anos depois de sua morte foi encontrado seu corpo incorrupto . São Nicolau de Tolentino, rogai por nós!

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