quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Os dez segredos de Medjugorje, pelo Padre Lívio Fanzaga



O grande interesse pelas aparições de Medjugorje não se refere apenas ao acontecimento extraordinário que lá se está manifestando desde 1981, mas também, e cada vez mais, ao futuro imediato de toda a humanidade. A longa permanência da Rainha da Paz acontece em vista de uma passagem histórica repleta de perigos mortais. Os segredos que Nossa Senhora revelou aos videntes se referem a acontecimentos próximos, que a nossa geração vai testemunhar. Trata-se de uma perspectiva sobre o futuro, como tantas vezes acontece nas profecias, susceptível de levantar medos e dúvidas. A própria Rainha da Paz nos exorta a nos esforçarmos no caminho da conversão, sem nada conceder ao desejo humano de conhecer o futuro. No entanto, compreender a mensagem que a Santíssima Virgem nos quer transmitir com a pedagogia dos segredos é fundamental. De fato, Sua revelação representa, em última análise, um grande presente da divina misericórdia.
Em primeiro lugar é preciso dizer que os segredos, no sentido de acontecimentos que dizem respeito ao futuro da Igreja e do mundo, não são uma novidade das aparições de Medjugorje, mas eles têm um precedente de extraordinário impacto histórico no segredo de Fátima. Em 13 de julho de 1917, a Virgem Maria revelou em termos gerais, aos três pastorzinhos de Fátima, a dramática Via-Sacra da Igreja e da humanidade ao longo do século XX. Tudo o que Ela predisse foi plenamente realizado. Os segredos de Medjugorje se colocam sob essa luz, mesmo que a grande diversidade em relação ao segredo de Fátima esteja no fato de que cada um será revelado antes que aconteça. A pedagogia mariana do segredo, portanto, faz parte do plano divino de salvação que foi iniciado em Fátima e que, através de Medjugorje, abraça o futuro imediato.
Também deve ser enfatizado o fato de que a antecipação do futuro, que é a substância dos segredos, faz parte da maneira com a qual Deus Se revela na história. Toda a Sagrada Escritura é, num olhar mais atento,  uma grande profecia, especialmente seu último livro, o Apocalipse, que lança a luz divina sobre a última fase da história da salvação, a que vai da primeira à segunda vinda de Jesus Cristo. Ao revelar o futuro, Deus manifesta a Sua soberania sobre a história. Na verdade, só Ele pode saber com certeza o que vai acontecer. A realização dos segredos é um forte argumento de credibilidade da fé, bem como a ajuda que Deus oferece em situações muito difíceis. Em particular, os segredos de Medjugorje serão uma prova da verdade das aparições e uma manifestação grandiosa da misericórdia divina em vista do advento do novo mundo de paz.
O número dos segredos dados pela Rainha da Paz é relevante. Dez é um número bíblico, que recorda as dez pragas do Egito. Mas esta é uma abordagem arriscada, porque pelo menos um deles, o terceiro, não é um “castigo”, mas um sinal divino de salvação. Três dos videntes, os que não têm mais aparições diárias, mas anuais, afirmam já terem recebido dez segredos. Por outro lado, os outros três, aqueles que ainda têm as aparências diárias, receberam nove. Nenhum dos videntes conhece os segredos dos outros, e não falam disso uns com os outros. Supõe-se, contudo, que os segredos sejam iguais para todos. Mas só uma das videntes, Mirjana, recebeu da Virgem Maria a incumbência de revelá-los ao mundo antes que aconteçam.
Podemos, portanto, falar de dez segredos de Medjugorje. Eles dizem respeito a um futuro não muito distante, já que será Mirjana e um padre por ela escolhido que irão revelá-los. É razoável inferir que eles não comecem a ser realizados até terem sido revelados a todos os seis videntes. Aquilo que se pode saber dos segredos é assim sintetizado pela vidente Mirjana: “Eu tinha que escolher um sacerdote ao qual deveria dizer os dez segredos e escolhi o padre franciscano Petar Ljubicic. Dez dias antes, tenho que dizer a ele o que irá acontecer e onde. Precisamos passar sete dias em jejum e oração, e três dias antes ele terá que dizer a todos. Ele não tem o direito de escolher: dizer ou não dizer. Ele concordou que vai dizer tudo a todos três dias antes, assim se verá que é uma coisa do Senhor. Nossa Senhora sempre diz: ‘Não falem sobre os segredos, mas rezem e quem me sente como mãe e a Deus como Pai, não tem medo de nada’.”
Perguntada se os segredos se relacionam com a Igreja ou com o mundo, Mirjana respondeu: “Eu não quero ser tão precisa, porque os segredos são segredos. Digo apenas que os segredos se referem ao mundo inteiro”. No que diz respeito ao terceiro segredo, todos os videntes o conhecem e concordam em descrevê-lo: “Haverá um sinal na Colina das Aparições – disse Mirjana – como um presente para todos nós, para que se possa ver que Nossa Senhora está presente aqui como nossa mãe. Será um sinal lindo, que não pode ser feito com mãos humanas. É uma realidade que permanecerá, e que vem do Senhor”.
No que diz respeito ao sétimo segredo, Mirjana afirma: “Eu perguntei a Nossa Senhora, se era possível que pelo menos uma parte desse segredo mudasse. Ela respondeu que deveríamos rezar. Rezamos muito e Ela disse que uma parte tinha sido mudada, mas que agora não se poderia mudar mais, porque é vontade do Senhor que aquilo se realize”. Mirjana sustenta com grande convicção que agora nenhum dos dez segredos pode ser alterado. Eles serão anunciados ao mundo três dias antes, quando o sacerdote dirá o que irá acontecer e onde o acontecimento irá ocorrer. Em Mirjana (como nos outros videntes), há uma certeza interior, não tocada por qualquer dúvida, de que o que Nossa Senhora revelou nos dez segredos necessariamente se realizará.
Tirando o terceiro segredo, que é um “sinal” de extraordinária beleza, e o sétimo, que em termos apocalípticos poderiam ser chamados de “flagelo” (Apocalipse 15, 1), não se conhece o conteúdo dos outros segredos. Levantar hipóteses é sempre arriscado, como, aliás, demonstram as mais disparatadas interpretações da terceira parte do segredo de Fátima, antes que este fosse tornado público. Quando perguntada se os outros segredos são “negativos”, Mirjana respondeu: “Eu não posso dizer nada”. No entanto, é possível, refletindo-se de forma global sobre a presença da Rainha da Paz e sobre todas as Suas mensagens, chegar-se à conclusão de que o conjunto dos segredos dizem respeito ao bem supremo da paz que hoje está em risco, com grande perigo para o futuro do mundo.
Vê-se nos videntes de Medjugorje e, particularmente, em Mirjana, a quem Nossa Senhora confiou a grave responsabilidade de dar a conhecer os segredos ao mundo, uma atitude de grande serenidade. Estamos longe de um clima de angústia e opressão, que caracteriza não poucas supostas revelações. Na verdade, a saída final é cheia de luz e de esperança. Trata-se, em última análise, de uma passagem de extremo perigo da jornada humana, mas que irá levar ao golfo de luz de um mundo habitado pela paz. Nossa Senhora mesma, em Suas mensagens públicas, não faz menção aos segredos – embora Ela não silencie sobre os perigos que estão à nossa frente –, mas prefere olhar para o tempo de primavera em direção ao qual quer conduzir a humanidade.
Sem dúvida, a Mãe de Deus “não veio para nos atemorizar”, como gostam de repetir os videntes. Ela nos chama à conversão, não com ameaças, mas com um apelo de amor. No entanto, o seu grito: “Eu lhes suplico, arrependam-se!”, indica a gravidade da situação. A última década do século mostrou o quanto, justamente nos Balcãs, onde Nossa Senhora aparece, a paz estava em perigo. No início do novo milênio, nuvens ameaçadoras se adensaram no horizonte. Os meios de destruição em massa são susceptíveis de se tornarem protagonistas de um mundo cheio de descrença, de ódio e de medo. Será que chegamos ao momento dramático em que serão derramadas sobre a terra as sete taças da ira de Deus (cf. Ap 16, 1)? Poderia acaso haver um flagelo mais terrível e mais perigoso para o futuro do mundo do que uma guerra nuclear? Seria correto ler nos segredos de Medjugorje um sinal extremo da misericórdia divina na fase mais dramática da história da humanidade?
Fonte: Tirado do livro “La donna e il drago” (“A mulher e o dragão”), do Padre Lívio Fanzaga

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