quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Analogia com o segredo de Fátima




Foi a própria Rainha da Paz que afirmou ter vindo a Medjugorje para realizar o que havia começado em Fátima. Trata-se, portanto, de um único plano de salvação que deve ser considerado na unidade de seu desenvolvimento. Nesta perspectiva, ajudará, certamente, a compreender os dez segredos de Medjugorje uma associação com o segredo de Fátima. Trata-se de fazer analogias que ajudam a compreender em profundidade o que Nossa Senhora quer nos ensinar com a pedagogia dos segredos. E, de fato, é possível ver semelhanças e diferenças que iluminam e se sustentam  mutuamente.
Em primeiro lugar, é preciso dar uma resposta às perguntas de quem se tem perguntado que significado tinha para revelar a terceira parte do segredo de Fátima depois que ele já tinha se realizado. A profecia tem um grande valor apologético e salvífico se é revelado antes, e não depois. Em 13 de maio de 2000, quando em Fátima foi anunciado o terceiro segredo, um certo sentimento de decepção se espalhou entre a opinião pública, que esperava revelações sobre o futuro e não sobre o passado da humanidade.
Sem dúvida, o fato de se encontrar indicada, numa revelação dada em 1917, a trágica Via Sacra do mundo e em particular a sangrenta perseguição da Igreja, até o atentado contra João Paulo II, contribuiu para dar mais prestígio à mensagem de Fátima. No entanto, é legítimo perguntar por que Deus permitiu que a terceira parte do segredo fosse conhecido apenas no final do século, quando a Igreja, no ano da graça do Jubileu, voltava seu olhar para o terceiro milênio.
Nesse sentido, é razoável pensar que a Sabedoria Divina tinha permitido que somente então a profecia de 1917 fosse conhecida porque queria preparar desta forma a nossa geração  para o futuro iminente, marcado pelos segredos da Rainha da Paz. Olhando para o segredo de Fátima, para o seu conteúdo e para a sua realização extraordinária, somos capazes de levar a sério os segredos de Medjugorje. Estamos diante de uma maravilhosa pedagogia de Deus, que quer preparar espiritualmente os homens do nosso tempo para lidar com a mais grave crise da história, que não está atrás de nós, mas diante de nossos olhos. Os que ouviram a revelação do segredo, feita em 13 de maio de 2000 na grande esplanada da Cova da Iria, serão os mesmos que ouvirão a revelação dos segredos da Rainha da Paz três dias antes que se realizem.
Mas é sobretudo no que diz respeito ao conteúdo que é possível tirar lições úteis do segredo de Fátima. De fato, se o analisarmos em todas as suas partes, não diz respeito às convulsões no cosmos, como é típico em cenários apocalípticos, mas as subversões da história humana, atravessada por rajadas satânicas da negação de Deus, do ódio, da violência e da guerra. O segredo de Fátima é uma profecia sobre a disseminação da descrença e do pecado no mundo, com as nefastas consequências de destruição e de morte, e com a inevitável tentativa de destruir a Igreja. Protagonista negativo é o grande dragão vermelho que seduz o mundo e o atiça contra Deus, tentando levá-lo à ruína. Não é por nada que o cenário se abre com a visão do inferno e termina com o da cruz. É a tentativa de Satanás de arruinar o maior número possível de almas e, ao mesmo tempo, é a intervenção de Maria para salvá-las com o sangue e as orações dos mártires.
É razoável pensar que os segredos de Medjugorje evocam de novo, em substância, questões deste tipo. Por outro lado, os homens certamente não deixaram de ofender a Deus, como a Virgem lamentou em Fátima. Na verdade, podemos dizer que a onda lamacenta do mal não tem feito outra coisa senão crescer. O ateísmo de Estado desapareceu em muitos países, mas em todo o mundo progrediu uma visão materialista e ateísta da vida. A humanidade, no início do terceiro milênio, está longe de reconhecer e aceitar Jesus Cristo, o Rei da paz. Ao contrário, cresce a incredulidade e a imoralidade, o egoísmo e o ódio. Entramos numa fase da história em que os homens, instigados por Satanás, não hesitarão em tirar de seus arsenais os mais tremendos instrumentos de destruição e de morte.
Dizer que alguns aspectos dos segredos de Medjugorje possam dizer respeito a guerras catastróficas, em que sejam utilizadas armas de destruição em massa, como as armas nucleares, químicas e bacteriológicas,  significa, no fundo, fazer previsões humanamente fundamentadas e razoáveis. Por outro lado, não devemos esquecer que Nossa Senhora Se apresentou na pequena aldeia da Herzegovina como a Rainha da Paz. Ela disse que, com a oração e o jejum, se pode parar até as guerras, por mais violentas que sejam. A última década do século, com as guerras da Bósnia e do Kosovo, foi um ensaio geral, uma profecia do que poderia acontecer a esta humanidade tão afastada do Deus de amor.
Afirma João Paulo II que “no horizonte da civilização contemporânea –especialmente onde ela se apresenta mais desenvolvida, no sentido técnico-científico– os vestígios e os sinais de morte tornaram-se particularmente presentes e frequentes. Basta pensar na corrida aos armamentos e no perigo que ela comporta de uma autodestruição nuclear” (Dominum et Vivificantem 57). “A segunda metade do nosso século – como que em proporção com os erros e transgressões da nossa civilização contemporânea – contém em si por sua vez uma ameaça tão horrível de guerra nuclear, que não podemos pensar neste período senão em termos de acumulação incomparável de sofrimentos, que vão até à possível autodestruição da humanidade” (Salvifici Doloris, 8).   
No entanto, a terceira parte do segredo de Fátima, em vez de guerra, tem como objetivo destacar com cores dramáticas a feroz perseguição contra a Igreja, representada pelo bispo vestido de branco que sobe o Calvário acompanhado pelo povo de Deus.  Seria lícito perguntar-se se não haverá uma perseguição à Igreja ainda mais selvagem num futuro próximo? Neste momento, uma resposta afirmativa poderia parecer exagerada, porque hoje o diabo ganha suas vitórias mais marcantes com a arma da sedução, através da qual extingue a fé, esfria a caridade e esvazia as igrejas. No entanto, sinais crescentes de ódio anti-cristão, acompanhado por execuções sumárias, se “espalham pelo mundo. É de se esperar que o dragão “vomitará” (Apocalipse 12, 15) toda a sua fúria para perseguir aqueles que tiverem perseverado, em particular procurará aniquilar as fileiras de Maria, que Ela preparou neste tempo de graça que estamos vivendo.
“Depois disso, eu vi abrir-se  no céu o templo que encerra o tabernáculo do testemunho. Os sete anjos que tinham os sete flagelos saíram do templo, vestidos de linho puro e resplandecente, cingidos ao peito com cintos de ouro. Um dos quatro Animais deu-lhes então sete taças de ouro, cheias da ira de Deus que vive pelos séculos dos séculos. Encheu-se o templo de fumaça provinda da glória de Deus e do seu poder. E ninguém podia entrar, enquanto não se consumassem os sete flagelos dos sete anjos” (Apocalipse 15, 5-8).
Após o tempo de graça, durante o qual a Rainha da Paz reuniu os Seus na “Tenda do Testemunho”, começará o período dos sete flagelos, quando os anjos irão derramar as taças da ira de Deus sobre a terra? Antes de dar uma resposta a esta pergunta, é preciso entender o verdadeiro significado de “ira divina” e “flagelo”. Na verdade, o rosto de Deus é sempre o de amor, mesmo naqueles momentos em que as pessoas não conseguirão mais vê-lo.
Fonte: Tirado do livro “La donna e il drago” (“A mulher e o dragão”), do Padre Lívio Fanzaga.
 

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