domingo, 18 de março de 2012

Vocação e Reconhecimento da Verdade

O Pe. Leo J. Trese, em seu singelo e belíssimo livro “A Sabedoria do Cristão”(p. 51-54) dá os critérios que permitem reconhecer a presença do “dedo de Deus” naquilo que Ele revela: dois internos (arte e nobreza) e dois externos (profecias e milagres).

Tem de possuir beleza, o que diz respeito à arte. Até no menor inseto é perceptível a proporção e coerência de todas as suas partes, tanto umas com as outras como também do organismo inteiro com o meio ambiente que constitui seu habitat.

Tem de possuir nobreza, isto é, fazer com que os que crêem naquilo que a Revelação ensina, se comportem como os mais nobres dos homens.

Tem de possuir um caráter profético, isto é, deve dar provas de ensinar aos homens o que há de ser e tal ensinamento mostrar-se efetivo. Neste caso, tem de ter o poder de moldar a cultura, e fazê-lo para o bem.

Tem de exibir milagres, porque então fica manifesto que seu Autor é mais poderoso do que a natureza.

Falhando um desses quatro critérios, deve-se pôr em dúvida de que se trata ou não de algo que provém de Deus.

É tão sábio e previdente tudo isto que leva a crer que Deus criou as coisas desse jeito para que a mais inferior das criaturas inteligentes – o homem – pudesse, a partir delas, perceber que Ele existe. Tanto é assim que dotou o homem de vocação compatível com a percepção e entendimento desta estrutura. Como as vocações (naturais) são quatro, Deus criou as coisas de modo que elas fizessem vibrar a alma de cada homem em presença de tais criações. Cada homem então possui então pelo menos uma facilidade específica para compreender a presença do “dedo de Deus” nas coisas: os de vocação artística, pela beleza; os de vocação interpersonalística, pela nobreza; os de vocação filosófica, pelas profecias; os de vocação científica, pelos milagres.

Todo homem tem um pouco de cada uma das vocações naturais. Mas no íntimo de cada um – quem se dê ao trabalho de analisar a própria alma pode verifica-lo – uma delas possui mais destaque.

A vocação de cada pessoa costuma ser para ela tão oculta quanto o próprio rosto, que só é visto ou por terceiros ou então quando se olha no espelho. Este ocultamento da vocação da própria pessoa se explica assim: é pelo que faz a vocação vibrar que a pessoa encontra forças para vencer o orgulho e render-se a Deus. Dou um exemplo. Conheci pessoas cultas que dificilmente se deixariam convencer pelos argumentos que demonstram a existência de Deus, a criação da Igreja por Deus, e assim por diante. Por diversas razões tais pessoas deixaram de acreditar naquilo que as palavras transmitem, cada uma preferindo crer que possuía a mais verdadeira e melhor das doutrinas. Ocorre que tais pessoas se sentiram atraídas pelo encanto das músicas gregorianas, possivelmente porque, ao não entenderem o que era cantado (o texto dessas músicas é em latim), não se sentiram “dobradas” por ninguém, convencidas por ninguém. Ao passarem a cantar essas músicas, naturalmente foram se familiarizando com o texto e sua tradução. Sem que ninguém lhes dissesse nada, suas almas foram se modificando e se convertendo à Verdade que sempre almejaram alcançar mas que sempre recusaram porque tinham a impressão que fazer isso era ser subjugado por alguém mais inteligente, ou mais “esperto”.

Cada pessoa deve prestar atenção à própria alma e ver qual dos quatro critérios a faz vibrar mais intensamente. Definido qual é este critério, fica fácil prosseguir e chegar até aos demais, isto é, desenvolver o hábito de enxergar a Verdade que Deus revela, principalmente através da Igreja, sob qualquer de suas aparências.


Joel Nunes dos Santos, 14 de março de 2012.

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