terça-feira, 27 de março de 2012

O JEJUM PURIFICA E LIBERTA –


O JEJUM PURIFICA E LIBERTA –

Nós sabemos, através das Sagradas Escrituras, que o demônio se aborrece com o jejum. Tenta convencer-nos de que o jejum nos enfraquece e dos debilita. Também o nosso amor próprio nos impede de fazê-lo: muitos dependem do alimento de tal maneira que não conseguem ficar sem jejuar.
Conheço um artista que me disse em certa ocasião: “ ás vezes passo o dia trabalhando e não me alimento, mas se for o dia de jejum voluntário, quase morro de fome... mas como conheço a importância do jejum, eu resisto”.
É preciso levar em conta também, o estado de saúde de cada um e a sua idade.
O jejum a pão e água tem profundo significado. É um simbolismo: o pão é o símbolo da vida; a água simboliza a purificação.
Viver com estes dois elementos significa: reencontrar a vida e purificá-la.
Se alguém não consegue jejuar como Nossa Senhora pede, deve aproximar-se disso.; ninguém deve recear o jejum. Faz bem para a alma, para o espírito e também para o corpo.
Quem inicia o jejum e com ele se acostuma, verá com o tempo quantas situações ridículas o envolviam e também aos outros, a ponto de os fazerem procurar e lutar por coisas que não valem absolutamente nada.
O jejum poderá ter uma dimensão social, quando o fazemos.Sempre há o recurso de as sobras que não consumimos, serem levadas aos mais necessitados.
Nossa Senhora pede-nos que façamos o jejum nas 4ªs e 6ªs feiras. É como se vivêssemos a quarta feira de cinzas e a sexta feira santa, durante todo o ano. São 51 jejuns a mais..


O JEJUM NA IGREJA PRIMITIVA


O jejum fazia parte da tradição hebraica e sabe-se também que era praticado no tempo da civilização Greco-romana.
A tradição hebraica recomendava o jejum oficial apenas no dia da reconciliação, que era um dia de devoção. Da leitura do Antigo Testamento percebemos que, nos momentos de grandes dificuldades, reis e profetas pediam ao povo jejum e oração.A Igreja dos primeiros tempos recomendava o jejum duas vezes por semana, às quartas e sextas feiras. Alguns dos mais devotos jejuavam também no sábado, em preparação ao dia do Senhor.
A prática do jejum foi-se gradualmente ampliando. Jejuava-se por semanas inteiras, como por exemplo na Semana Santa. No século III, a Igreja, no período da Quaresma, recomendava o jejum por quarenta dias, em preparação para a Páscoa. Concluímos então que a Igreja reconhece o jejum porque o praticou durante a sua história, e lhe atribuiu um significado concreto. Antes mesmo que os acontecimentos de Medjugorje viessem alcançar a ideia do jejum, entre a nossa população, sobretudo na Hezergóvina, esta prática ia bem alem das exigências mínimas da Igreja, graças também à influencia exercida pela espiritualidade franciscana.. tempos existiram em que a população de Medjugorje e das regiões vizinhas observavam um rigoroso jejum até no verão, em meio aos duros trabalhos da lavoura.


UMA VOLTA Á PRÁTICA DO JEJUM


Portanto as aparições são ainda hoje um sinal de que Deus continua a dirigir-se a nós, seus filhos, para encorajar-nos a prosseguir em nosso caminho em direção a Ele. Com frequência Ele nos chama através de Maria. Tais intervenções não são outra coisa que incitamentos a retomarmos certas práticas há muito tempo já conhecidas.
O chamamento a jejuar, que Maria dirige à nossa geração, é apenas uma repetição daquilo que Jesus já disse, e daquilo que a Igreja dos primeiros tempos colocou em prática com grande zelo!
Se estudamos o Antigo Testamento e examinamos nos detalhes as várias situações, nas quais as pessoas eram tão exortadas a jejuar, descobrimos quanto a oração e o jejum podiam trazer uma transformação ou um alivio até nas situações mais críticas.


NOSSA SENHORA QUER REEDUCAR-NOS


Considerando agora o jejum no contexto dos nossos tempos, quando Nossa Senhora nos pede para recitarmos diariamente o Creio, parece que deseja desta maneira demonstrar-nos que vivemos numa situação de “ não crentes”. Ela certamente deseja dizer-nos alguma coisa como: “ Não basta recitar o Creio; é preciso aderir totalmente a Deus, que se ofereceu a nós de forma inefável na pessoa de Jesus Cristo”.
Tal é o método adotado por Nossa Senhora para nos instruir. É interessante notar que, como todos os bons mestres, Ela nos indica tarefas concretas. O seu pedido é que jejuemos de acordo com a tradição da Igreja. Ela quer reeducar-nos: o jejum nos levará a uma nova liberdade do coração e da mente.
Em primeiro lugar Maria nos chama à oração, isto é, à união com Deus, e em seguida ao jejum: vale dizer , à libertação do nosso coração das necessidades que o prendem às coisas materiais.
Desta maneira o jejum nos levará a uma nova liberdade do coração e da mente. O jejum é um chamado à conversão do nosso corpo. Em outras palavras, é o processo através do qual nos tornamos livres e independentes das coisas materiais.
Libertando-nos das coisas exteriores, libertamos também das paixões que acorrentam a nossa vida interior. Esta nova liberdade abrirá dentro de nós espaço para outros valores. Portanto o jejum nos liberta de uma certa escravidão e nos torna livres para saborearmos a verdadeira felicidade.


PRECISAMOS DE UMA VOLTA RADICAL A DEUS


O radical retorno a Deus só é possível com a oração, que cresce em qualidade e se torna livre quando unida ao jejum.
Se estamos convencidos de que a Virgem Maria nos pede a cada um que sejamos seus “ porta vozes” neste mundo ateu, devemos jejuar com o coração, e esse jejum nos assegurará uma força dinâmica.
Quando começamos a considerar aos padrões da vida e do mundo, e a comportar-nos de acordo com eles, como se não tivéssemos necessidade de Deus, colocamos em evidencia os sinais do ateísmo. O jejum representa a melhor maneira de evidenciar estas predisposições negativas de nosso coração; ele nos ajuda a descobrir que dependemos da vontade de Deus, a compreende-la melhor e, consequentemente, a compreender melhor a nós próprios.
Sabemos como Jesus, no Evangelho, pede para rezar sempre, sem descanso. Infelizmente cada dia nós encontramos desculpas, alegando que não temos tempo para rezar. Mas antes em sentirmos ou não desejo, necessidade de Deus, de encontrá-lo na oração.
Quanto mais temos, mais queremos ter; desta forma damos cada vez menos espaço a Deus e menos tempo encontramos para a oração. E assim em nosso dia a dia, vamos nos tornando sempre mais ateus.
Acreditamos poder solucionar todos os nossos problemas possuindo mais e mais coisas materiais, comidas e bebidas melhores. Esta forma de comportamento e estas convicções excluem a possibilidade e a necessidade da oração.
O jejum tem, como consequência especial, colocar as coisas numa perspectiva certa; porque só jejuando chegaremos a compreender realmente a nós mesmos, e a considerar a realidade que nos cerca sob uma ótica diferente.
Descobriremos assim que não somos autossuficientes e que o possuir, ainda que seja todo o planeta, não pode satisfazer as necessidades mais profundas do nosso coração. Desta maneira encontraremos outros fins, outros objetivos, outras necessidades que, sobrepondo-se às necessidades materiais, nos guiarão pelo caminho que conduz ao Senhor.
A primeira bem aventurança: “ Bem aventurados os pobres em espírito, porque a eles pertence o reino dos céus”, pode ser traduzida: “ Bem aventurados os que desejam a Deus”. Uma pessoa que se acredita auto suficiente e não precisa de nada, a não ser de uma contínua gratificação de si mesma, não é uma pessoa pobre diante de Deus.
Isto significa que, vivendo na convicção de não ter necessidade de Deus, nem sequer se põe o problema da oração.
Somente através do jejum, esta convicção vai desmonorando, e nós advertimos cada vez mais a necessidade de rezar. Em outras palavras, nos tornamos mais abertos ao nosso encontro com Deus.
Por esta razão podemos afirmar que o jejum não pode ser substituído, ele é indispensável.
Precisamos jejuar para podermos crescer na oração sobretudo para crescer na oração do coração. Concluímos: rezamos mais facilmente quando jejuamos, e jejuamos melhor quando rezamos.
Um antigo provérbio diz:” um estomago cheio não ama estudar”. O seu significado não muda quando se diz:” Um estomago cheio não ama rezar”...
O vazio físico provocado pelo jejum ajuda a compreender o nosso vazio espiritual e a nossa necessidade de Deus!.
Jejuando chegamos a compreender a nossa dependência, não dos bens materiais e sim de Deus, uma dependência que não nos torna escravos, mas antes nos liberta!
Fomos criados por Deus e Ele se encontra sempre presente em nós. Sentimo-nos bem quando estamos com Ele como amigos, como sócios, que se reúnem para definir um contrato. Se o coração se torna também humilde, mais fácil será ouvir a palavra de Deus e ter a sua amizade. Será mais simples até encontrar os outros; este é o caminho que leva à felicidade!
A verdadeira felicidade não se acha nos valores superficiais, mas deve ser buscada na paz interior, através da qual o homem pode vencer todas as dificuldades e todas situações desagradáveis!


( Continua...)


Fonte: O jejum purifica e liberta – Padre Slavko Barbaric

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