terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

OS VIDENTES SÃO CONFIÁVEIS? - Última parte


Nossa Senhora não se limita a tornar-nos conscientes da difícil situação dos jovens no mundo contemporâneo e a alertar para os perigos que encontram. Em suas mensagens, sugere-nos também os meios para evitar que escorreguem e para ajudá-los a reencontrar o caminho, quando se perdem.

O ponto central é a família. Os responsáveis pela formação dos filhos são, em primeiro lugar, os pais. São eles que devem educar para a fé e a oração, desde quando a criança é pequena: “Queridos filhos – exorta Nossa Senhora –, hoje os convido a renovar a oração em suas famílias. Queridos filhos, estimulem também os mais pequeninos à oração e que as crianças sejam levadas à Santa Missa” (14.03.1985).

Haveria muito a se refletir sobre este ponto. Com efeito, se nas famílias todos, pais e filhos, rezassem juntos, e se todo dia se lesse alguns versículos da Bíblia, os filhos teriam o alimento espiritual diário sem o qual a fé enfraquece e morre. Na verdade, na maior parte das famílias, também nas cristãs, existem muitas preocupações com várias coisas, como a saúde, o estudo, as roupas e os divertimentos dos filhos, mas falta a educação para a oração, a formação para a virtude e para a vida cristã. Os nossos jovens crescem alimentados e vazios, porque não lhes é dado o alimento espiritual.

Nossa Senhora lembra aos pais três deveres fundamentais para com os filhos: o ensino, o exemplo e o diálogo. O ensino em relação, principalmente, com a oração. Os pais devem ensinar os filhos a rezar e devem rezar junto com eles. Sabemos o quanto Nossa Senhora tem insistido neste ponto, chegando a ameaçar não dar mais mensagens se não fosse acolhido o convite para rezar em família.

Além disso, os pais devem ensinar a fé, recorrendo à fonte mesma da fé, que é a palavra de Deus: “Filhinhos, coloquem a Sagrada Escritura num lugar visível em suas famílias, leiam-na e vivam-na. Ensinem os seus filhos, porque se vocês não são um exemplo para eles, os filhos se afastarão, na ausência de Deus” (25.08.1996).

Aqui, a Rainha da Paz toca um ponto muito dolorido. Não é possível educar os filhos para a fé se os pais não estão empenhados, pessoalmente, num caminho de fé. Como podemos esperar que os filhos sejam cristãos fervorosos quando os pais são cristãos indolentes? Como os filhos podem rezar se os pais não rezam? Como os filhos podem abrir-se a Deus se os pais o colocaram de lado em sua própria vida? Como os filhos podem apreciar a vida espiritual se os pais estão preocupados somente com a vida material?

São os pais que devem, em primeiro lugar, nutrir a própria fé, lendo a Bíblia e vivendo-a. Depois disso, serão capazes de comunicar aos filhos algo vivo, que inevitavelmente os irá interessar e atrair. Nossa Senhora faz uma afirmação que, sozinha, vale por um tratado de pedagogia: “Se vocês não são um exemplo para eles, os filhos se afastarão, na ausência de Deus”. Aqui está fotografada, com uma exatidão impressionante, a crise de fé do nosso tempo. Tendo a geração de meia idade traído os grandes valores da fé, deixando-se arrastar pelo consumismo, a nossa juventude se afastou de casa sem Deus.

A oração, o ensino, o exemplo e, por fim, o diálogo. Nossa Senhora sublinhou isso de modo particular em algumas mensagens dadas ao grupo de Ivan, o qual, entre os videntes, é talvez aquele que, na exposição das mensagens aos peregrinos, mais insiste nos problemas dos jovens e da família. Lembro-me de uma mensagem dada depois de um encontro de oração na montanha, na qual Nossa Senhora convidou os pais e os filhos a dialogarem juntos em família. Naquela mensagem, a Rainha da Paz solicitou, de modo particular, aos pais que escutassem as experiências de vida dos próprios filhos, para poder aconselhá-los e confortá-los.

Também neste caso, Nossa Senhora, na sua sublime sabedoria de mãe, toca num ponto doloroso da vida das nossas famílias, onde existe pouco diálogo entre pais e filhos, que se tornam como que estranhos. Desse modo, as nossas casas se tornam albergues, onde cada um vive a sua vida, indiferente aos outros. É claro que o primeiro diálogo precisa acontecer entre os próprios pais, que devem construir, dia a dia, a sua vida de casal. Se os pais vivem em harmonia, seu diálogo com os filhos é mais fácil e frutuoso. Quando, à noite, a família se reúne em torno da mesa, é bonito trocarem reciprocamente as experiências do dia, aconselhando-se e ajudando-se uns aos outros, terminando depois com a oração e a ação de graças a Deus. Deste modo, a família se torna uma comunidade onde estão presentes a alegria, a paz e a fé.

Infelizmente, a realidade da maior parte das famílias é bem diferente. A vida espiritual está estragada, o diálogo está morto e os filhos estão afastados. O que fazer? É necessário que aquele que recebeu a graça da conversão comece com muita humildade, silêncio e perseverança o seu caminho espiritual. A conversão de uma pessoa é uma grande graça para toda a família. Às vezes pode mesmo ser um filho, tocado por Deus, a trazer os pais para o caminho da fé.

Hoje, muitas famílias estão sendo reconstruídas e muitos jovens levados de volta para o caminho certo. É possível? Nossa Senhora afirma que só é possível “com a oração e o amor”. Os pais que sofrem por verem seus filhos longe de Deus não estão desarmados. Não devem esquecer que Deus é o Senhor dos corações e que a sua graça pode trazer de volta à vida pessoas espiritualmente mortas. Se satanás é forte, Nossa Senhora o é infinitamente mais e, com a sua ajuda, nossa oração pode trazer de volta nossos filhos para a estrada da salvação: “Satanás é forte – disse – e por isso peço as suas orações e que as ofereçam a mim por aqueles que estão sob o seu influxo, para que se salvem” (25.02.1988). “Saibam, queridos filhos, que com a sua ajuda posso fazer tudo e obrigar satanás a não induzi-los ao mal” (04.09.1986).

Quando os nossos jovens estão afastados, no caminho do pecado, precisamos mantê-los constantemente sob a proteção da oração. A graça opera silenciosamente em sua vida sem que se deem conta. Ao lado da oração, é necessário “o amor”. Devemos ter o olhar da compaixão divina sobre tantos pobres jovens seduzidos pelo engano diabólico e prisioneiros do pecado. São pessoas doentes espiritualmente, que são curadas com os recursos da caridade cristã.

Às vezes, o amor deve ser necessariamente forte e exigente. O importante é que seja amor. Em Medjugorje, todos conhecem o “Campo da vida”, onde vivem uns cem jovens de diversas nacionalidades sob a direção firme e sábia de Irmã Elvira. Eram vidas destruídas pela droga e sem esperança alguma de salvação. Uma mão firme os colocou de joelhos, também quando não tinham fé, uma regra férrea de vida devolveu o vigor perdido da juventude, o amor de uma comunidade trouxe de volta a esperança.

Também os nossos filhos que estão perdidos podem ser reencontrados no abraço da fé. A oração, o amor e a graça podem fazer acontecer este milagre. A civilização do amor nascerá das famílias novas, formadas pelos jovens consagrados a Maria.
Traduzido do italiano para o português por Tania

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