quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

O DOM DA EUCARISTIA


Queridos irmãos, queridas irmãs, a paz! Continuamos hoje a publicação, iniciada na semana passada, deste texto precioso sobre a Eucaristia, escrito pelo servo de Deus, Cardeal Van Thuan.

II. A Celebração Eucarística nos santifica
Não devemos ser santos para celebrar a Missa, mas celebrar a Missa para sermos santos.

1. In persona Christi
Quando celebramos a Santa Missa nos santificamos, porque o fazemos in persona Christi. Da mesma forma, as meditações, oração, a ação de graças, o louvor, a oblação e a intercessão.
Somos intercessores e estas funções, in persona Christi, nos ajudam a ser santos. Estas funções renovam a lembrança da nossa ordenação. São Paulo pede que nós pensemos na nossa ordenação, no momento em que nos impuseram as mãos. In persona Christi não está somente a lembrança da nossa ordenação, mas a identificação com Cristo. E quando pronunciamos as palavras da consagração, nos sentimos mais do que nunca filhos de Maria. Todas as manhãs somos renovados porque começamos uma aliança nova, sempre mais nova e eterna, que não termina. Esta identificação nos ajuda a ser santos. Também nos santificamos porque a Eucaristia é fonte da nova evangelização.

2. Fonte da nova evangelização
A Eucaristia nos ajuda a realizar a nova evangelização por todo o mundo. No Vietnã, na fronteira entre Laos e China, há uma aldeia cujos habitantes falam pouco o vietnamita, mas o entendem. Um dia, um sacerdote que vivia muito longe de lá viu um grupo daquelas pessoas caminhando e lhes perguntou para onde iam. Responderam que iam receber o batismo.

O sacerdote perguntou como tinham aprendido o catecismo, pois não existia um catecismo na sua língua. Responderam que tinham escutado uma estação de rádio de Manila: 'Fonte da vida'. O sacerdote sabia que era uma rádio protestante, mas a rádio protestante também faz católicos! O pároco os convidou a ficar alguns dias com ele, para rezar e se preparar para o batismo. Eles responderam que só podiam ficar dois dias porque já tinham empregado seis pelo caminho, a pé pelos montes, e, devendo gastar outros tantos para voltar, só tinham arroz suficiente para ficar aquele período de tempo. Durante esses dois dias, o pequeno grupo de pessoas se preparou para receber o batismo e a comunhão, e assistiram à Missa pela primeira vez. Depois voltaram felizes para a aldeia de onde tinham vindo.

Os comunistas os perseguiam e não davam autorização para construírem uma igreja. Então eles se organizaram, em segredo, com outros habitantes da aldeia, para dividir o trabalho da construção. Alguns se encarregariam da porta, outros das janelas, outros do piso, outros do teto. E numa noite de lua levantaram uma pequena igreja de madeira. No dia seguinte a polícia foi atrás dos construtores e ordenou que igreja fosse destruída. Porém, toda a aldeia de 400 pessoas foi solidária e assumiu a responsabilidade da construção da igreja, que não foi derrubada.

Os recém-convertidos ao catolicismo sempre têm um vivo desejo de também levar a Palavra de Deus aos outros e, para fazer isto, às vezes têm que lançar mão de planos muito engenhosos. De fato, no regime comunista há um grande controle sobre as pessoas, que devem denunciar quando alguém sai da aldeia ou nela entra, mesmo que seja só por um dia. Para solucionar essas proibições são organizadas falsas brigas, e então culpam algumas famílias de serem responsáveis pela desordem. Estas famílias são convidadas a sair da aldeia. Essas famílias são as que depois levarão o Evangelho a outras aldeias e se transformarão em catequistas. É como no tempo dos apóstolos.

Quando eu saí da prisão, muitos vieram visitar-me. Eu tinha conseguido para eles um rádio, para que pudessem acompanhar a Missa na estação Véritas enquanto trabalhavam nos campos ou com os búfalos. Às nove e meia paravam o trabalho e se reuniam para assistir à Missa, escutar a pregação e recobrar forças para a nova evangelização. Estas pessoas sofrem muito, mas a presença de Jesus as ajuda.

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